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Posted On quinta-feira, 13 de março de 2014 at 18:08
Olá a todos,
Aqueles que ainda persistem e acompanham o blog, já devem ter percebido que a frequência de postagem caiu bastante. Há alguns motivos para isso. Dos mais tolos aos mais intrincados.
Contudo, o único que interessa aos seguidores é que todos os textos relativos a cinema e séries de tv, desde semana passada, estão sendo publicados em outro local.
Sim, as críticas tem um nova casa, o blog Luzes, câmera, café!, que já inicia suas atividades como parceiro do portal Adoro Cinema.
Os post antigos continuam por aqui, não serão deletados. Quem tiver interesse em acompanhar as críticas, por favor, acesse o novo blog e deixe sua opinião. Desde já, agradeço a visita de todos.
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Posted On sexta-feira, 17 de janeiro de 2014 at 23:47
meteorologia: chuvas de verão
pecado da gula: pizza
teor alcoolico: 1 murphy's red
audio: cup song in gaelic
video: corrida no ar
The book thief (2013) - A menina que roubava livros
roteiro: Michael Petroni
direção: Brian Percival
★ ★ ★ ★ ★
Sinopse:
Baseado no livro best-seller, A Menina Que Roubava Livros conta a história de Liesel, uma garotinha extraordinária e corajosa, que foi viver com uma família adotiva durante a Segunda Guerra, na Alemanha. Ela aprende a ler, encorajada por sua nova família, e Max, um refugiado judeu, que elas escondem embaixo da escada. Para Liesel e Max, o poder das palavras e da imaginação se tornam a única escapatória do caos que está acontecendo em volta deles. A Menina Que Roubava Livros é uma história sobre a capacidade de sobrevivência e resistência do espírito humano.
Mais uma adaptação de livro que decepcionou. O filme é mediano - a nota correta seria 2,5 - e a experiência de assisti-lo foi a pior que tive nos últimos anos. Acostumei-me ao sossego das cabines de imprensa, com 30 a 40 pessoas dispersas numa sala de 300 lugares, e já há algum tempo não enfrentava um cinema lotado - superlotado para ser mais exata.
Devo agradecer à Editora Intrínseca que concedeu aos blogs parceiros a oportunidade de ir assistir à pré-estreia. E a parte boa da história termina aqui. Retirei o convite com a equipe da editora por volta das 20:00. A sessão seria às 21:00 e os ingressos deveriam ser retirados na bilheteria a partir das 20:30, o que não ocorreu. Houve uma mudança da programação ou o cinema informou incorretamente como seria feito. Bom, havia uma fila gigante, que saía da entrada do Cinemark, descia a escadaria que fica em frente até o piso térreo do Market Place.
Detalhe: já que não havia ingressos, obviamente não havia lugares marcados. Depois de enfrentar a muvuca na fila e a falta de educação - infelizmente corriqueira - no local onde era distribuída a pipoca e o refrigerante de cortesia, consegui entrar na sala e encontrar um lugar razoavelmente bem posicionado. Mas minha satisfação durou pouco. À minha direita, duas senhoras que passaram quase todo o filme soltando exclamações de surpresa ou consternação e que, no final, começaram a soluçar e chorar ruidosamente. À minha esquerda, um casal que passou o filme todo tecendo comentários. Todo mundo deve conhecer pessoas assim, que assistem e vão comentando o que se passa no filme - "olha! fulano fez isso", "nossa! sicrano fez aquilo". Tive de conter a vontade de perguntar se algum deles era cego e necessitava que o outro lhe descrevesse o que se passava na tela. Para completar, o indivíduo sentado à minha frente, parecia estar com formigas dentro da cueca, já que não parava de se mexer na poltrona, obstruindo minha visão das legendas.
Como se já não bastasse isso, o filme não foi excepcionalmente bom a ponto de conseguir compensar todo esse desconforto. O livro é muito, muito bom. É um daqueles que dá vontade de reler. Seu grande trunfo é ser narrado pela própria morte, o que confere à trama um ponto de vista único, incomum. Além do narrador, o mais interessante do livro é o contraponto entre o encantamento de Liesel pela leitura e suas experiências com a morte. Há nele um quê de Fahrenheit 451 e de Precious, ao focar no poder transformador, libertador, redentor da leitura e da escrita. Devido a um roteiro que se preocupou apenas em pinçar os eventos - mas não as reflexões - que ocorrem no livro, esse enfoque se perdeu totalmente. E o filme se tornou apenas mais um (melo)drama de guerra. Uma pena.
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Posted On terça-feira, 19 de novembro de 2013 at 17:09
meteorologia: chuva de verão
pecado da gula: pão de queijo
teor alcoolico: nada ainda
audio: ghost writer podcast #33
video: wallander
Los amantes pasajeros (2013) - Os amantes passageiros
roteiro e direção: Pedro Almodóvar
★ ★ ★ ★ ★
(resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 03/10/2013)
Dentro de um avião fora de controle, um grupo de personagens excêntricos acredita estar vivendo suas últimas horas de vida. A partir dessa premissa, o espectador testemunha a volta de Almodóvar ao tipo de filme que o consagrou: a comédia. Desde Kika (1993) que o diretor havia deixado de lado esse estilo. E retorna a ele da forma mais escrachada possível. Mas, afinal, é Almodóvar, e de que outro modo ele o faria?
Para o espectador saudoso dos primeiros filmes do diretor, com seus cenários de cores fortes, personagens extremos em situações extremas, figurinos extravagantes, diálogos disparados em velocidades alucinantes, está tudo de volta. E isso talvez dê a impressão de que o diretor está referenciando ou mesmo parodiando a si próprio. É difícil não relembrar de Mulheres à beira de um ataque de nervos que, assim como este, passa-se praticamente em um único cenário - um apartamento - e há uma personagem que deixa de ser virgem durante a estória. Além disso, há várias cenas marcantes - chocantes ou engraçadas- envolvendo drogas, sexo ou ambos.
O rol de personagens, uma fauna bastante diversificada, inclui três comissários de bordo homossexuais - um que bebe, Joserra (Javier Cámara), um que consome drogas ilícitas, Ulloa (Raúl Arévalo) e um que abraçou a religião para se livrar dos vícios, Fajas (Carlos Areces); um piloto bissexual, Álex Acero (Antonio de la Torre), cujo amante é Joserra; um co-piloto “saindo do armário”, Benito Morón (Hugo Silva), por quem Ulloa tem uma queda; uma vidente, a virgem que deixa de ser, Bruna (Lola Dueñas); uma cafetina de luxo, Norma (Cecilia Roth); um empresário corrupto; um ator, Ricardo Galán (Guillermo Toledo); um agente de segurança; um casal em viagem de núpcias. Os personagens são estereotipados? Ao extremo, são quase caricaturas. Seus trejeitos e neuras são exagerados? Sem dúvida. Mas boa parte do humor e da crítica ácida deve-se justamente a esses fatores.
Enquanto o roteiro se atém às ações e reações dos personagens dentro do avião, a trama se sustenta. Contudo perde força ao sair do ambiente confinado e mostrar uma subtrama, em que uma moça andando de bicicleta atende um telefonema do ex-namorado (o ator) num celular que “caiu do céu”, ou mais precisamente, das mãos de uma suicida que também conhece Galán. Apesar de interessante, principalmente aos que têm sua atenção atraída pela beleza da moça, Ruth (Blanca Suárez), a sequência não é muito relevante, e poderia ser encurtada ou mesmo suprimida sem qualquer prejuízo.
O título em inglês, I’m so excited, é o nome de uma música utilizada como trilha sonora para um numero de dança protagonizado pelos comissários a fim de entreter os passageiros - apenas os da primeira classe, pois os da classe econômica estão dormindo, pois foram dopados assim que a tripulação descobriu a pane. A partir daí pode-se ter uma ideia nítida do quão non-sense, exagerado e, ao mesmo tempo, sarcástico é o filme. Esse tom exagerado se vale ainda das cores fortes do cenário e da fotografia, com enquadramentos que lembram programas de tv - principalmente na hora do “show”.
Não se pode afirmar com veemência que Almodóvar tenha perdido a mão. É possível que sua intenção fosse mesmo fazer uma paródia de suas melhores comédias. De qualquer modo, não deixa de ser um filme menor. Mas, levando-se em conta que Almodóvar é um autor - em oposição ao conceito de artesão, ou diretor por encomenda -, vale a máxima defendida por Truffaut na revista Cahiers de Cinéma: “Um cineasta que tenha feito grandes filmes no passado pode cometer erros, mas os erros que ele cometer têm toda a probabilidade, a priori, de ser mais apaixonantes que os êxitos de um ‘artesão’”.
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Posted On quarta-feira, 13 de novembro de 2013 at 11:57
meteorologia: finalmente, o verão
pecado da gula: banana com nata
teor alcoolico: nada ainda
audio: beatles
video: black mirror
Mary and Max (2009) - Mary e Max - Uma amizade diferente
roteiro e direção: Adam Elliot
★ ★ ★ ★ ★
Correndo o risco de entregar a idade, admito fazer parte da geração privilegiada que curtiu infância e adolescência nos anos 80. Nessa época pré-internet, sem email, twitter ou facebook, a troca de cartas foi durante um bom tempo a única maneira (não muito cara) de se comunicar com pessoas de outros países. E é a partir dessa premissa que se inicia a estória de Mary and Max.
Mary Daisy Dinkle é uma menina de 8 anos que mora na Austrália, em Monte Waverley, nos arredores de Melbourne. Solitária, meio gordinha, com uma pequena mancha marrom no rosto, sofre bullying na escola. Instigada por uma dúvida pungente, inicia uma troca de cartas com Max Jerry Horowitz, um judeu de 44 anos, morador de Nova York. Obeso e portador de Síndrome de Asperger - uma variante do autismo, também conhecida como autismo de alta funcionalidade - é, ao mesmo tempo, semelhante e oposto a Mary. Ambos sentem-se deslocados no ambiente em que vivem, que lhes parece estranho e, por vezes, inescrutável. Contudo enquanto Mary é curiosa e quer entender o mundo, Max contenta-se em manter-se recluso com medo de explorá-lo.
Fiquei bastante interessada em assistir tanto pela temática - eu mesma tive alguns penpals, amigos por correspondência, durante anos - quanto por se tratar de uma animação em stop motion - o que eu adoro. É o primeiro longa do diretor/roteirista, que já havia mostrado a que veio ao ganhar o Oscar de Melhor Curta de Animação, em 2004, com Harvie Krumpet - entre outras 20 premiações. Conforme informação do próprio Elliot, Mary and Max foi baseado em fatos reais, usando sua própria experiência e a de um penpal com que se correspondeu durante anos.
Os bonecos parecem ter sido propositalmente “mal modelados”, com formas bem simples, quase caricatas. Como uma indireta para o espectador: “a aparência não importa, o que importa é a essência”. Em contrapartida, os cenários se destacam tanto pela riqueza de detalhes quanto pelas cores utilizadas nos ambientes de cada personagem. Enquanto vemos Mary em cenários em tons de sépia, variando do bege ao marrom, o mundo de Max é dessaturado, totalmente em preto, cinza e branco. E, em ambos, objetos “especiais” aparecem em vermelho.
Diferente de várias animações, não se reconhecem trejeitos dos dubladores nos bonecos de massinha. Mary é dublada, quando criança, por Bethany Whitmore, e, quando adulta, por Toni Collete. Enquanto Max ganha a voz, praticamente irreconhecível, de Philip Seymour-Hoffman. E não são apenas os personagens principais que dão vida à narrativa. Os personagens secundários - a mãe de Mary e o vizinho da casa em frente, a vizinha de Max e seu médico - são muito bem cuidados e contribuem com o desenvolvimento da trama, sem nenhuma ponta solta ou situação desnecessária.
Apesar das diferenças, são as semelhanças que aproximam Mary e Max. O gosto por chocolate - a comida predileta de Max é uma receita de cachorro-quente de chocolate inventada por ele -, um programa de tv a que ambos assistem - Os Noblets, e principalmente a dificuldade de ambos em compreender como o mundo funciona e por que as pessoas tomam certas atitudes. Um bom exemplo das dúvidas que assolam as mentes dos personagens é a pergunta que levou Mary a escrever para Max: de onde vêm os bebês? São questões básicas, que qualquer criança na idade dela - ou na condição de Max - já deve ter tido curiosidade em saber. Mas o interessante não são apenas as perguntas. As teorias, ou conhecimentos prévios de cada um deles, refletem (enquanto criticam) o pensamento distorcido e as crenças de suas famílias.
No caso dos bebês, enquanto Mary diz que, na Austrália, são achados em copos de cerveja, Max afirma que, nos EUA, eles vêm de ovos chocados por rabinos ou freiras - dependendo da religião - e, na ausência destes, por prostitutas sujas e solitárias.
A partir daí já se apreende o tom do filme. Um humor ácido e, por vezes, politicamente incorreto que permeia os assuntos conversados nas cartas ou abordados no cotidiano de cada um. Indo dos mais casuais aos mais “cabeludos”, passando por bullying, distúrbios mentais, programas de tv, alcoolismo, cleptomania, religião, agorafobia, comida, diversidade sexual, preconceito, depressão, entre outros. Mas apesar dos temas pesados e difíceis, o que sobressai é a amizade entre eles que sobrevive durante tantos anos.
É um filme “de massinha” e cheio de humor? Sem dúvida. Porém, com certeza absoluta não é um filme para crianças. Não por serem temas sobre os quais elas não devem ouvir a respeito, mas essencialmente por ser necessária uma bagagem referencial grande para desfrutar do humor e das citações.
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