Olha a fila!
coded by ctellier | tags: misc, running | Posted On domingo, 17 de junho de 2012 at 20:13
meteorologia: ensolarado
pecado da gula: esfihas
teor alcoolico: 1 colorado caium
audio: cabulosocast #25
video: criminal minds
Corri hoje o percurso de 25km na XVIII Maratona Internacional de São Paulo. Mas o assunto deste post não é a prova. É sobre algo que já comentei aqui no blog quando participei do World Bike Tour 2011. A lei de Gerson, cuja premissa é levar vantagem em tudo.
Deixei para buscar o kit da prova ontem após o almoço. Eu sempre busco no sábado pela manhã, mas ia a um evento às 16:00 ali perto e quis “aproveitar a viagem”. Cheguei ao local de entrega e a fila estava quilométrica - literalmente. Apesar de longa, a fila até que andava bem e, 40 minutos depois estava saindo dali. Não, não tenho o que reclamar da organização. A fila devia-se à enorme quantidade de pessoas que deixou para pegar o kit no sábado à tarde - na maioria, corredores de fora de São Paulo que estavam chegando à cidade. E, chegada a sua vez, todo o processo era bem rápido e eficiente.
O post é sobre a “arte” de cortar filas e como se dar bem à custa da boa vontade alheia. Antes de mais nada, deixe-me explanar uma das muitas técnicas - ou seria melhor dizer “táticas” - disponíveis:
Foi exatamente isso que presenciei ontem na fila para pegar o kit, quando estava quase entrando no local da distribuição.
No ginásio do Ibirapuera estava ocorrendo um outro evento, o “Disney on ice”. Um homem, de uns 30 e poucos anos, com três ingressos para o espetáculo em mãos, além do comprovante para a retirada do kit, veio pedindo licença até chegar à porta. Ali, perguntou a um casal, dois lugares à minha frente na fila, sobre o horário em que terminaria a entrega de kits (era às 16:00). Recebendo a resposta, que eu desconfio que ele já soubesse, começou a se lamuriar, dizendo que o espetáculo começava às 15:00 e não terminaria antes do encerramento da entrega. Lamentava ter gasto 180 reais por ingresso e ter de ficar ali na fila apenas por que os horários coincidiam. Enquanto isso a fila andava, e ele ia junto, puxando assunto com um rapaz, logo atrás daquele casal na fila. E assim foi. Em menos de 5 minutos, o homem se infiltrou na fila na maior cara-de-pau.
Admito, eu poderia ter reclamado, porém não estava a fim de me estressar. As pessoas à minha frente não repararam, ou fingiram que não repararam e também não falaram nada. Mas o que me deixou admirada foi a fleuma do indivíduo. Agia como se tivesse o direito de fazer aquilo, já que precisava estar no espetáculo cujos ingressos segurava e fazia questão de exibir. São pessoas assim que deturpam o sentido do “jeitinho brasileiro”. O nosso jeitinho tem de ser reconhecido pela nossa habilidade em encontrar soluções para problemas aparentemente insolúveis e contornar situações com criatividade aliada a tenacidade. É lógico que cada um acha que seu problema é mais importante que o dos demais, isso é intrinsecamente humano. A falha de caráter está em pensar que isso é motivo suficiente para levar vantagem sobre outrém sempre que a oportunidade se apresentar (ou for criada propositalmente). Que exemplo um homem assim dá para os filhos?
pecado da gula: esfihas
teor alcoolico: 1 colorado caium
audio: cabulosocast #25
video: criminal minds
Deixei para buscar o kit da prova ontem após o almoço. Eu sempre busco no sábado pela manhã, mas ia a um evento às 16:00 ali perto e quis “aproveitar a viagem”. Cheguei ao local de entrega e a fila estava quilométrica - literalmente. Apesar de longa, a fila até que andava bem e, 40 minutos depois estava saindo dali. Não, não tenho o que reclamar da organização. A fila devia-se à enorme quantidade de pessoas que deixou para pegar o kit no sábado à tarde - na maioria, corredores de fora de São Paulo que estavam chegando à cidade. E, chegada a sua vez, todo o processo era bem rápido e eficiente.
O post é sobre a “arte” de cortar filas e como se dar bem à custa da boa vontade alheia. Antes de mais nada, deixe-me explanar uma das muitas técnicas - ou seria melhor dizer “táticas” - disponíveis:
- Aproxime-se da fila como se estivesse procurando alguém, pedindo licença com extrema educação.
- Encontre uma pessoa, ou duas, com cara de trouxa (sei que a definição atualmente remete ao universo de Harry Potter, não consegui pensar num adjetivo mais específico, mas acredito que a maioria dos leitores entendeu o sentido).
- Comece a falar como se não se dirigisse a ninguém especificamente e espere o(s) trouxa(s) responder(em), mesmo que seja apenas com um aceno de cabeça.
- Conte uma estória que inspire a compaixão e a solidariedade do trouxa, frisando sua dificuldade em estar ali naquele momento.
- Neste passo, o trouxa já estará dando respostas verbais. Aproveite, então, para se aproximar ainda mais e simular uma intimidade que apenas o furador de fila e o trouxa sabem que não existe.
- Continue acompanhando a fila e conversando amenidades com o trouxa.
No ginásio do Ibirapuera estava ocorrendo um outro evento, o “Disney on ice”. Um homem, de uns 30 e poucos anos, com três ingressos para o espetáculo em mãos, além do comprovante para a retirada do kit, veio pedindo licença até chegar à porta. Ali, perguntou a um casal, dois lugares à minha frente na fila, sobre o horário em que terminaria a entrega de kits (era às 16:00). Recebendo a resposta, que eu desconfio que ele já soubesse, começou a se lamuriar, dizendo que o espetáculo começava às 15:00 e não terminaria antes do encerramento da entrega. Lamentava ter gasto 180 reais por ingresso e ter de ficar ali na fila apenas por que os horários coincidiam. Enquanto isso a fila andava, e ele ia junto, puxando assunto com um rapaz, logo atrás daquele casal na fila. E assim foi. Em menos de 5 minutos, o homem se infiltrou na fila na maior cara-de-pau.
Admito, eu poderia ter reclamado, porém não estava a fim de me estressar. As pessoas à minha frente não repararam, ou fingiram que não repararam e também não falaram nada. Mas o que me deixou admirada foi a fleuma do indivíduo. Agia como se tivesse o direito de fazer aquilo, já que precisava estar no espetáculo cujos ingressos segurava e fazia questão de exibir. São pessoas assim que deturpam o sentido do “jeitinho brasileiro”. O nosso jeitinho tem de ser reconhecido pela nossa habilidade em encontrar soluções para problemas aparentemente insolúveis e contornar situações com criatividade aliada a tenacidade. É lógico que cada um acha que seu problema é mais importante que o dos demais, isso é intrinsecamente humano. A falha de caráter está em pensar que isso é motivo suficiente para levar vantagem sobre outrém sempre que a oportunidade se apresentar (ou for criada propositalmente). Que exemplo um homem assim dá para os filhos?
Esses caras também me irritam muito.
Às vezes eu falo pro cara numa boa: "Amigão, na boa. A fila é lá atrás" Em outras também não estou a fim de me estressar e faço cara de poucos amigos que deixam o sujeito sem graça.
Um amigo do meu pai, quando eu era moleque e íamos ao litoral, naqueles feriados que tudo fica lotado, era um p... cara de pau. Ele chegava na padaria, que obviamente tinha aquela fila monstruosa pra comprar pão, e lá da porta já gritava para o pobre do funcionário: "LINDO, JÁ SEPAROU OS 20 PÃOZINHOS QUE TE PEDI"? Todos olhavam, e o funcionário, na dúvida, pedia desculpas e separava os pães. Meu pai ficava p... da vida, reclamava com o amigo e fazia questão de nos mostrar que era errado. Enfim, que exemplo esse aí dá para os filhos?