O fio da navalha

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 24 de fevereiro de 2007 at 19:31

meteorologia: alto verão
pecado da gula: macarrão com creme de leite
teor alcoolico: 1 original, 1 smirnoff ice black
audio: Brother Where Art Thou (soundtrack)
video: Lost (episodio 9)

O fio da navalha, William Somerset Maugham
Comecei a ler sem muito entusiasmo... a sinopse na contracapa do livro não parecia muito promissora:
"O enredo mostra uma decadente aristocracia européia abatida pelo trauma da Primeira Guerra. No outro lado, a burguesia norte-americana emergente busca refinamento e luxo. O crack da Bolsa de Nova York, em 1929, faz desmoronar universos de ostentação e embaralha as histórias.
Com esse pano de fundo, um nobre carola socorre uma tradicional família quebrada. Uma rica socialite sofre um choque e vira prostituta. O escritor-narrador une todos os fios da meada com as peripécias do jovem promissor que resolve abandonar o futuro sólido para buscar um sentido para a vida."

Mas ocorreu ser esse mais um daqueles livros difíceis de largar enquanto a última página não chega. A prosa é fluida, não diria fácil, mas flui de maneira tão espontânea que "agarra" o leitor com uma facilidade incrível.
De acordo como texto da primeira orelha do livro, o título foi retirado de um dos upanixades (textos sagrados da Índia). Mas também poderia ter se originado de um provérbio hassídico que diz que "A vida é um fio de navalha. De um lado, o Inferno. Do outro, o Inferno.", uma vez que o tempo todo no livro somos lembrados que a qualquer momento podem ocorrer imprevistos (bons e ruins) e cabe a nós manter o equilíbrio em nossa vida.
Apesar de personagens e trajetórias tão díspares a trama é bem amarrada e nenhum fio é deixado solto. E mesmo datado, o livro trata de um tema ainda bem atual, afinal o ser humano não deixa de se perguntar a cada minuto qual o sentido da existência e como alcançar a tão almejada felicidade.
Adorei o final do livro, onde o escritor-narrador afirma que sem ter tido essa intenção, acabou escrevendo uma estória de sucessos:
"Sim, pois todas as pessoas de quem me ocupei conseguiram o que almejaram: Elliott, prestígio social; Isabel, boa posição (...); Gray, um emprego certo e bem remunerado (...); Suzanne Rouvier, segurança; Sophie, a morte; e Larry, a felicidade."

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Diamante de sangue

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 20 de fevereiro de 2007 at 20:12

meteorologia: nem depois da chuva o calor diminuiu
pecado da gula: 1 fatia de quindim
teor alcoolico: além do post anterior, mais 2 stella artois
audio: tom jobim
video: lost (tive de assistir novamente, o episódio estava sem legendas)

Diamante de sangue (The blood diamond), direção de Edward Zwick
"No país africano Serra Leoa, na década de 90, o filme acompanha a história de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um mercenário sul-africano, e o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou). Apesar de terem nascido no mesmo continente, têm histórias completamente diferentes, mas seus destinos são unidos por conta da busca por um raro diamante cor-de-rosa. Com a ajuda de Maddy Bowen (Jennifer Connelly), uma jornalista norte-americana, eles embarcam numa perigosa jornada em meio ao instável território." (fonte: www.cinemark.com.br)
Tentando abordar mais assuntos do que caberiam em 120min. , o filme, apesar de interessante, fica meio disperso, deixando o espectador meio sem saber exatamente qual o foco do roteiro. Além de querer discorrer sobre o problema dos diamantes do conflito, aborda também o papel do chamado primeiro mundo nessa situação, a ação de pessoas sem escrúpulos que se aproveitam do conflito, as milícias que combatem o governo e querem dominar o comércio das pedras, a extrema miséria da população, a situação dos refugiados. Intenso, mas pouco coeso.
Apocalypto é violento? Pouco se comparado às cenas de ataque das milícias. Há algo mais violento do que ver pessoas inocentes sendo mortas a sangue-frio? E pior, crianças de 7-8 anos empunhando as armas e atirando como se brincassem de polícia e ladrão. É de virar o estômago, mais ainda do que ver um jaguar dilacerando um homem durante uma caçada.
Jennifer Connelly,
linda como sempre, tem uma personagem totalmente "rasa", apenas a repórter de boas intenções que em certo momento quer nos levar a crer que o amor salvaria o personagem de Leonardo Di Caprio, o mercenário Danny Archer (tonteria).
Indicado por sua atuação, realmente Di Caprio parece ter deixado de lado aquela carinha de moleque e resolvido levar a sério seu papel (sem trocadilhos). Ele está muito bem, aliás mais do que muito bem, encarnando o mercenário cínico e totalmente sem escrúpulos. Logicamente, seria mais favorecido se o filme fosse melhor. Acho que não leva a estatueta. E eu ainda prefiro sua atuação em Os infiltrados.

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Guia do tênis

coded by ctellier | tags: | Posted On at 16:31

meteorologia: chuva de verão, caiu até granizo hj
pecado da gula: churrasco
teor alcoolico: 1 caipirinha, 1 original
audio: zelia duncan
video: lost, episódio 8 (3a.temporada)

Pausa na semana do Oscar...
Referência pra quem já corre, o guia é importante pra quem (assim como eu) pretende incluir a corrida no seu dia-a-dia.
Não é o único, mas já ajuda apesar da pouca quantidade de modelos listados. Se não me engano, também saiu um ano passado na revista Go Outside.

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Os infiltrados

coded by ctellier | tags: | Posted On segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007 at 21:55

meteorologia: típico dia de verão, calor e chuva no final da tarde
pecado da gula: frapê de caramelo (na Starbucks)
teor alcoolico: 2 chopps, 1 Stella Artois, 1 Devassa
audio: Elis Regina
video: trailers dos indicados

Os infiltrados (The departed), direção Martin Scorcese
Dois homens em lados opostos da lei estão disfarçados na polícia do estado de Massachusetts e na máfia irlandesa, enquanto a polícia trava uma verdadeira guerra contra o crime organizado de Boston. Porém quando a máfia e a polícia descobrem que entre eles há um espião, a vida de ambos passa a correr perigo.
Refilmagem do policial chinês The Infernal Affairs (Wu jian dao), é um filme que traz Scorcese de volta à sua boa forma. Violento sem ser "gore", mirabolante sem parecer inverossímil, o filme reune um bom roteiro com ótimos diálogos a um elenco excepcional.
Jack Nicholson, bom, é Jack Nicholson. A presença dele já valeria o ingresso. Faz de seu Frank Costello mais um personagem inesquecível. Mas Mark Wahlberg, Matt Damon e (para surpresa minha) Leonardo Di Caprio também não fazem feio. Aliás, todas as interpretações são primorosas, indo do policial explosivo (Wahlberg), passando pelo "rato" da máfia (Damon) e até o policial sob disfarce (Di Caprio), todos estão muito além da expectativa.
Esse é o meu palpite para o vencedor da noite do Oscar, melhor diretor para Scorcese e melhor filme para Os infiltrados (porque não há maior incongruência do que premiar o filme e não premiar o diretor ou vice-versa).

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Babel

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 18 de fevereiro de 2007 at 23:33

meteorologia: ainda muuuito calor
pecado da gula: um balde de pipoca
teor alcoolico: 2 Devassa
audio: Papa Roach

Babel (Babel), direção Alejandro González Iñárritu
Acho que fui assistir ao filme com expectativa demais. Em parte por ter gostado muito dos dois outros filmes de Iñarritu (Amores Perros e 21 grams) e em parte pelos comentários ouvidos (e lidos) sobre o filme.
Fiquei com a impressão que a "fórmula" do roteiro se desgastou, não foi tão bem aproveitada como em seu filme anterior. Em 21 grams, eu achei simplesmente fantástica a estrutura narrativa, com 3 estórias aparentemente sem conexão que, em algum ponto do filme se encaixam perfeitamente e se desenrolam juntas a partir dali.
Em Babel, a conexão entre as estórias é esclarecida praticamente logo no início do filme, restando apenas uma pequena dúvida sobre o núcleo japonês (que, aliás, parece fazer parte de outro filme). Achei que isso fez com que o impacto narrativo se perdesse, tornando o filme previsível.
Apesar disso, atinge o objetivo a que se propôs o diretor, mostrar as consequências da falta de comunicação entre as pessoas, seja pela distância geográfica, seja pela diferença de idioma, seja pela dificuldade de comunicação (no caso da personagem de Rinko Kikuchi, a surda-muda Chieko).
O filme tem seu valor, mas acho que não leva a estatueta.

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