Drops » Arrow

coded by ctellier | tags: , , | Posted On sexta-feira, 12 de outubro de 2012 at 20:20

meteorologia: chuva o dia todo
pecado da gula: folhado de banana e canela
teor alcoolico: nada ainda
audio: nerdcast #332
video: videocast pipoca e nanquim #38

Arrow

Vi uma parte da chamada na tv e me pareceu interessante. Antes de assistir ao piloto, a única coisa que sabia dela era que essa série da CW - que será exibida aqui pela Warner - era baseada na estória do Arqueiro Verde, da DC Comics. E pensei, "mais uma série baseada em quadrinhos". E eu, como não conheço a HQ, não tenho como afirmar se faz jus ou não à mídia original. A série estreia aqui dia 22 de outubro, mas tio Torrent deu uma ajudinha e assisti-a dois dias depois da estreia nos EUA.

Para quem não está familiarizado com a estória, assim como eu não estava, segue uma parte da sinopse oficial. Não reproduzi tudo, pois dá alguns spoilers do piloto.

Depois de um violento naufrágio, o playboy bilionário Oliver Queen [Stephen Amell] desapareceu por cinco anos. Dado como morto, ele é descoberto numa remota ilha no pacífico. Quando ele retorna para sua casa, em Starling City, sua devota mãe Moira [Susanna Thompson], sua amada irmã Thea [Willa Holland], e seu melhor amigo Tommy Merlyn [Colin Donnell] lhe dão as boas-vindas, mas sentem que Oliver mudou muito pelo tempo que passou na ilha.

Enquanto Oliver esconde a verdade sobre o homem que se tornou, ele desesperadamente sente necessidade de reparar suas atitudes que tomou quando era apenas um garoto. Mais importante, ele busca reconciliação com sua antiga namorada, Laurel Lance [Katie Cassidy].

Durante o tempo em que começa a se reconectar com as pessoas mais próximas de si, Oliver secretamente cria a ideia de Arrow — um vigilante — para consertar os erros de sua família, desafiar os males da sociedade, e restaurar Starling City para sua glória.

(fonte: www.jovemnerd.com.br)

Bem, para um piloto, achei melhor que muitas outras séries que comecei a assistir. Talvez quem curta a HQ se interesse mais em acompanhar a série. Mas eu certamente irei assistir apenas esporadicamente. Gostei da solução narrativa utilizada para contar, mesmo que rapidamente, a estória do personagem. Ao invés de um longo flashback, ficamos sabendo o que houve através dos noticiários da tv e de alguns flashes que o protagonista tem do naufrágio e de sua estadia na ilha. Porém me incomodou a narração em off de Oliver. O episódio se inicia com isso e, não fosse o fato de eu querer descobrir do que se tratava, eu certamente teria desistido depois de ouvir frases extramamente clichês e forçadas:

"Para viver eu tive que me adaptar, me transformar em uma arma."
"Não estou voltando como o garoto que sofreu um acidente de barco, mas como o homem que vai levar justiça àqueles que envenenaram a minha cidade."

Tão clichê que fiquei esperando-o completar: "Meu nome é Queen, Oliver Queen."

É preciso dar um desconto justamente por ser o piloto. A trama é bem previsível; os personagens, pouco desenvolvidos; a produção, OK - apesar de longe da perfeição. Vale uma espiada. Boa opção pruma tarde chuvosa de feriado.


.

.

A estrela do diabo

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 7 de outubro de 2012 at 13:45

meteorologia: sol e calor
pecado da gula: bolo de côco
teor alcoolico: nada ainda
audio: databasecast #26
video: the avengers

A estrela do diabo (Marekors)
Jo Nesbø

Sinopse
O detetive Harry Hole está de volta. Tentando superar a morte da ex-parceira de trabalho, obcecado em provar a culpa do também investigador Tom Waaler, abandonado pela namorada e afundado no alcoolismo, ele ainda tem de lidar com um misterioso assassinato de uma jovem. Quando novas mortes começam a ocorrer, e elementos em comum vão surgindo aos olhos de Harry, ele percebe que está diante de um perigoso serial killer.

A leitura deste livro foi totalmente não programada. Não só a leitura, como a compra também. Fui à Floripa no final de semana passado, para participar da maratona, e, como ia passar lá apenas dois dias, calculei que um livro seria suficiente para me ocupar durante a espera no aeroporto, o vôo e alguns momentos de tédio no quarto do hotel. E levei comigo As esganadas, de Jô Soares - post aqui. Contudo, um chá de cadeira inesperado ao chegar ao hotel - meu quarto demorou muito a ficar pronto - estragou meu planejamento. Quando finalmente consegui fazer o check-in, faltava pouco mais de 2 capítulos para terminar a leitura, que eu finalizei em menos de 20 minutos.

E eu, como uma boa leitora viciada, não posso ficar sem um livro para ler. Única solução: comprar outro. Fui a um shopping - único local onde haveria livrarias abertas num sábado à tarde. E, depois de circular entre as prateleiras por quase meia hora - as vendedoras vinham em turnos perguntar se eu precisava de ajuda - optei por este, tendo em mente que um livro policial costuma ser a melhor escolha para leitura em locais com muita gente conversando ao redor.

Eu já havia lido algo a respeito sobre um outro livro do autor, lançado recentemente, O redentor, cuja capa sempre me fazia lembrar o primeiro volume da trilogia de Stieg Larsson, The girl with the dragon tattoo. Sabia que, nos três livros dele traduzidos para o português, o protagonista, o detetive Harry Hole, era o mesmo. Sendo assim, o mais sensato seria ler o primeiro para me familiarizar com o personagem. Porém, nem tudo é perfeito no mercado editorial brasileiro de traduções. O primeiro lançado aqui, Garganta vermelha, é na verdade o terceiro da série. A estrela do diabo é o quinto. E O redentor, o sexto. A livraria não tinha Garganta vermelha e voltei para o hotel com A estrela do diabo a tiracolo.

Um detalhe interessante - e bastante importante - sobre a tradução. Apesar de a publicação não ter se iniciado corretamente - pelo primeiro livro da série -, todos os três desta série aqui publicados foram traduzidos diretamente do norueguês, o que é certamente uma vantagem para o leitor.
(lista de todos os livros aqui)

O estilo de escrita do autor é bastante direto, quase seco. Apesar de vários trechos descritivos, a prosa é enxuta, não há excessos. Não sou conhecedora da literatura norueguesa para poder afirmar, ou pior, generalizar ao fazer comentários sobre isso. E também seria imprudente rotular o estilo após a leitura de apenas um livro do autor. Mas é necessário comentar que senti um forte contraste ao lê-lo logo após dois livros de autores nacionais. Tem-se a impressão que a "musicalidade" instrínseca ao idioma brasileiro, simplesmente inexiste no norueguês. Mas gostei bastante do tom da narrativa e achei que "casou" muito bem com a estória. Porém concordo que, em alguns trechos, o excesso de detalhes prejudique um pouco a fluidez da leitura.

Diferente da grande maioria dos livros policiais, este não se resume a narrar a sequência de fatos relativos aos assassinatos, à investigação, à descoberta e possível captura do criminoso. Diversos capítulos iniciam-se com a introdução de novos personagens ou com a descrição de um lugar que ainda não fora citado. O leitor sente-se deslocado, sem saber do que se trata. Até que o autor faz o link e revela qual a relação disso com a estória. Generalizando um pouco, basicamente essas digressões aparentes tem a ver com as vítimas, com as testemunhas, com o principal suspeito ou com o protagonista. Percebi, ao ler alguns comentários de outros leitores, que essa solução narrativa não agradou 100%. Alguns reclamaram, achando que interrompia o fluxo de eventos; outros gostaram e acharam que era uma inserção bem-vinda; outros acharam que essas "mini-biografias" poderiam ter sido mais exploradas, dando mais detalhes. Pessoalmente, gostei bastante, tanto por ter a oportunidade de saber mais sobre alguns personagens, como pelo suspense causado pela pergunta "Em que ponto da trama isto se encaixa?".

O autor conduz bastante bem a narrativa a fim de que o leitor não tenha vontade de abandonar a leitura antes de descobrir whodunit. Mas o livro não se resume a isso. Aproveitando a condição do protagonista - depressivo, obsessivo e tentando evitar se afundar na bebida -, o autor aborda as consequências de suas escolhas pregressas, tanto em sua vida pessoal e profissional, quanto na vida das pessoais que o rodeiam. Lógico que o assunto não é explorado extensivamente, afinal, este é um livro policial e o leitor quer chegar logo "aos finalmentes". Mas o autor usa bem o tema como pano de fundo de várias cenas. E faz o mesmo com algumas discussões sobre o papel da polícia na sociedade. Sua eficiência (ou não), as brechas na lei, os meandros da burocracia são assuntos de vários diálogos entre Hope e seus colegas de trabalho. E, novamente, este é um livro policial e este tema é tratado en passant, pois o assunto principal ainda é descobrir quem é o serial killer.

Sobre isso, tenho uma observação importante. Faltava ainda um quarto do livro quando os investigadores estavam prestes a prender o principal suspeito. E eu me perguntava "E agora? Vai ser encheção de linguiça até o final?". Não mesmo! Dali em diante, a narrativa adquiriu um ritmo acelerado, com várias reviravoltas totalmente inesperadas que me impediram de largar o livro antes do final. Surpreendente mesmo.

Enfim, para quem estiver a fim de conhecer um pouco de literatura policial norueguesa, que goste quando a trama tem algo mais além de descobrir o culpado, é uma boa pedida.
Fica a dica.

.

.