#WBT e a lei de Gerson

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 25 de janeiro de 2011 at 14:06

meteorologia: ah, o verão
pecado da gula: macarronada
teor alcoolico: 2 itaipavas
audio: spin-off s04e14
video: inception

Hoje foi o dia do World Bike Tour 2011 São Paulo.
Parabéns aos organizadores (e patrocinadores) pela iniciativa, pois o evento foi show - exceto pela confusão e logística mal feita na distribuição dos kits no CEPEUSP. A entrega das bicicletas foi feita tranquilamente, sem atropelos, assim como o restante do kit dos atletas. Além da bicicleta, o kit incluiu capacete, caramanhola, bolsa para a bike, mochila de hidratação, toalha de rosto, capa de chuva e medalha de participação.

Meus colegas de escritório e eu chegamos cedo, achando que a “muvuca” da entrega dos kits se repetiria hoje. Resultado, mais de uma hora e meia aguardando para estrear a bicicleta. O calor e o sol forte castigaram um pouco, principalmente porque, apesar de a largada ter sido às 9:00, só conseguimos efetivamente chegar à marginal e começar a pedalar depois das 9:40.

Saímos da ponte Estaiada e pedalamos (lentamente) pela marginal Pinheiros até a USP. Eu, assim como várias outras pessoas, derivei assim que cheguei à estação Cidade Universitária da CPTM. Peguei o trem de volta para casa também sem atropelos pois, devido ao passeio, havia um esquema especial que permitia um número maior de bicicletas nos vagões.

Mas o que mais me impressionou, além da quantidade enorme de pessoas no passeio, foi que não há lugar ou ocasião que escape da abrangência da lei de Gerson. Bordão definitivo da terra do jeitinho, não nos deixa esquecer que sempre, em qualquer lugar, boa parcela dos brasileiros (assim como Gerson na malfadada propaganda) ainda quer levar vantagem em tudo.

Do ponto em que estávamos na ponte Estaiada até o local da largada, jaziam (literalmente) várias bicicletas sem dono encostadas às laterais da ponte. Jaziam totalmente depenadas, feito um carro roubado e abandonado na rua. Todo e qualquer acessório que pudesse ser retirado dela sem o uso de ferramentas já havia sido removido: caramanhola, bolsa, campainha. Vi inclusive uma sem a roda traseira. Pior de tudo, foi presenciar auto-denominados cidadãos de bem fazendo um arremedo de arrastão à cata dos acessórios deixados para trás. Simplesmente degradante. Uma colega que também presenciou a cena deplorável comentou inconformada: “Alguém que teve condições de pagar a inscrição para o evento precisa disso?”

Foi a única nódoa do evento. No mais, foi tudo muito legal mesmo. Inclusive o passeio de volta para casa pela ciclovia Pinheiros, comprovando que a bike entregue é de qualidade.

.

.

Papel x bit

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 23 de janeiro de 2011 at 22:44

meteorologia: chove chuva...
pecado da gula: sorvete de crocante
teor alcoolico: 1 smirnoff ice (gelaaaada)
audio: jotacast #16

Muito já se falou e ainda muito há de ser dito sobre o futuro do livro, sobre a sobrevivência do livro em papel após o advento do livro digital. Com a digitalização de bibliotecas e a disseminação de leitores de e-books, deixaremos de lado os livros impressos e todos passarão a ler apenas o formato digital?

Acredito que essa migração não deve ocorrer num curto prazo. Talvez nem mesmo a médio prazo. Não apenas pela simbologia e pela familiaridade das pessoas com o livro. Há inúmeros motivos que indicam que essa “onda” não deve chegar tão cedo quanto pregam alguns pseudo-gurus geeks. Talvez o livro em papel perca um pouco de espaço, mas acho que dificilmente deixará de existir em breve.

Eu, particularmente, podendo optar, sempre prefiro o texto impresso. Adoro o livro impresso, desde a textura da capa, até a cor e o cheiro do papel e da tinta. Podem me chamar de saudosista, mas eu cresci em meio a livros. Preferia-os aos meus brinquedos. Difícil me desfazer dessa memória emotiva. Ao mesmo tempo, sou nerd, geek, adoro novidades tecnológicas, assumo que gostaria de ter um Kindle. No entanto, tenho ojeriza por ler textos longos em formato digital. É chato, é cansativo, e é extremamente decepcionante não ter as páginas para folhear. Sinceramente, não me imagino lendo “Crime e castigo” ou “O senhor dos anéis” em formato digital. Pois além de ler é preciso ter prazer na leitura, algo que o formato digital não me proporciona.

Acho que, assim como eu, a maioria das pessoas associe o texto digital a uma leitura mais rápida, fracionada, “em pílulas” - notícias online, posts em blogs e o próprio tuiter reafirmam esse formato mais compacto. Desse modo, inicialmente os livros infantis e adolescentes são ótimos candidatos a serem os primeiros a migrar para a nova mídia. Mas ainda assim, creio que, enquanto o livro digital for apenas a versão digital do livro impresso, ou seja, apenas um .doc ou .pdf do texto, essa migração não deve ocorrer. Se o formato digital não tirar proveito dos recursos que a própria mídia proporciona - interatividade, hiper links, comentários, sons, animações, vídeos - não haverá atrativo suficiente para mudar de um para o outro.

Há outro aspecto a levar em consideração, o acesso ao dispositivo de leitura. Os early-adopters, nerds e geeks rapidamente estarão munidos de um e-reader. Mas e o restante da população? Qual é o alcance e a disponibilidade de um dispositivo desses? Se hoje, há ainda quem não tenha acesso a livros e internet, qual é a probabilidade de virem a ter acesso a esse gadget num futuro próximo?

.

.

Incinerando películas » Cruel intentions

coded by ctellier | tags: , | Posted On at 17:59

meteorologia: calor demais
pecado da gula: cachorro-quente
teor alcoolico: 1 original, 1 smirnoff ice
audio: nerdcast #243
video: palestra do @interney na #cpbr4

Adaptação teen do excelente livro de Pierre Chordelos de Laclos, "Les liaisons dangereuses" (escrevo sobre ele num próximo post).
Com algumas exceções, adaptações não costumam fazer jus ao original e filmes teens não valem o tempo gasto em assisti-los. Porém este não faz parte da lista de exceções. A adaptação anterior, de 1988, tendo Glenn Close e John Malkovich no elenco com direção de Stephen Frears, conseguiu recriar bem a atmosfera do livro. Mas uma versão teen de uma estória que originalmente se passa na França do século XVIII teria de ser genialmente bem estruturada para conseguir convencer e agradar o público. E este não é o caso. A transposição de cenário e de época é tão mal-sucedida que interfere na verossimilhança da estória. O que faria sentido para a burguesia francesa nos idos de 1700, simplesmente é uma incongruência nos dias atuais. Talvez agrade aos adolescentes, ou àqueles que não assistiram a versão anterior ou não leram o livro. E, apesar de superior à maioria dos filmes teen produzidos na atualidade, não é excepcional.
Caso não tenha nada melhor para fazer (o que eu duvido), assista. Mas eu não recomendo.

.

.