Literatura online

coded by ctellier | tags: , | Posted On sábado, 10 de dezembro de 2011 at 03:20

meteorologia: chuva e mais chuva
pecado da gula: churrasco
teor alcoolico: 2 original
audio: queen video: eldorado

Estou em fase de leitura intensa, como há algum tempo não ocorria. Aproveitando a "onda", segue uma lista de blogs e/ou sites sobre literatura que eu acompanho e leio quase diariamente:





.

.

Moleskine » Cap.2 - Perseguindo tempestades cerebrais

coded by ctellier | tags: , | Posted On quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 at 07:18

meteorologia: amanhecer nublado
pecado da gula: pão na chapa com manteira
teor alcoolico: nada ainda
audio: riverdance
video: karate kid

Já que hoje tem palestra do autor de "Muito além do nosso eu", na Livraria Cultura, é a ocasião perfeita para publicar mais um post sobre o livro.


Todo o capítulo gira em torno do embate entre localizacionistas e distribucionistas. Mas o título explicitamente já conduz o leitor na direção do processamento distribuído. O que não é de se estranhar, já que o autor no capítulo anterior frisou a intenção final do livro: mostrar ao leitor que o essencial são as “populações de neurônios.”

O primeiro confronto relatado é em uma palestra, a primeira de muitas, ministrada em Oxford por Lorde Edgar Douglas Adrian, em 1946. O assunto: a discussão sobre a provável sede da inteligência. Lorde Adrian discorre que, assim como em diversos outros assuntos, no final do século XVII, os filósofos de Cambridge e Oxford tinham opiniões opostas sobre o assunto. Enquanto em Cambridge defendia-se que a inteligência ficava localizada numa parte do corpo, em Oxford defendiam a proposição mais improvável (na época) de que ficava espalhada por todo ele.

Lorde Adrian, que dividiu o prêmio Novel de Fisiologia e Medicina em 1932, sendo de Oxford, claramente pendia para o lado defendido pela sua universidade. E, ele foi, nas palavras de Nicolelis:
“(...) o primeiro neurofisiologista a medir com exatidão como informações sensoriais sobre o mundo externo e o corpo são codificadas em salvas de eletricidade, a linguagem da mente, para então serem transportadas por nervos periféricos para todo o cérebro.” Ponto para os distribucionistas.

Logo adiante, o autor cita mais dois embates: Galvani versus Volta e Newton versus Einstein. Sobre o primeiro escreve: “A disputa entre Galvani e Volta, repetida muitas vezes na história da ciência, ilustra o fato de que a natureza, aparentemente, não escreve seus concertos com apenas um punhado de notas triviais.” Assim como já observado, e que se repetirá ainda muitas vezes no decorrer do livro, Nicolelis mais uma vez nos remete a uma metáfora musical para exemplificar o teor da discussão.

Acerca do segundo, em que o “formato” da luz é a questão central – partícula versus onda - somos apresentados a Thomas Young. Digo apresentados pois, apesar de conhecer o trabalho desse homem da ciência, não me recordava de ter algum dia sabido seu nome. Médico, físico, egiptólogo, fisiologista, linguista e, conforme Nicolelis, o “primeiro neurocientista computacional da história”. Numa época em que o termo multi-tarefa sequer existia, ele certamente encaixava-se nessa categoria. E o nome da biografia escrita por Andrew Robinson não deixa dúvidas sobre isso: “The Last Man Who Knew Everything: Thomas Young, the Anonymous Polymath Who Proved Newton Wrong, Explained How We See, Cured the Sick and Deciphered the Rosetta Stone” (“O último homem que sabia tudo: Thomas Young, o anônimo polímata que provou que Newton estava errado, explicou como nós enxergamos, curou os doentes e decifrou a Pedra Roseta, entre outras proezas geniais”).

Eu já tinha conhecimento do experimento da dupla ranhura (double-slit experiment), mas admito que não fazia a menor ideia de quem o tinha concebido. Mais admirável ainda, foi saber que Young, um ano após a realização do experimento que desmentiu Newton, começou a formular o que viria a ser a teoria distribuída de codificação neural – que eu conhecia como teoria tricromática da visão colorida. O que nos leva a mais uma disputa: Thomas Young versus Franz Gall. Segundo Roberto Erickson, colega de Nicolelis na Duke e um dos poucos capazes de falar sobre a origem da richa: todo localizacionsta tem Gall por ancestral, enquanto todo distribucionista é herdeiro de Young.

Mas, independente do confronto de ideias, o mais incrível foi aprender que, sem nenhuma outra fonte de dados além do próprio raciocínio, Young previu a existência de 3 tipos distintos de receptores de cores na retina. Nada além dos seus próprios neurônios, nenhum equipamento, nenhuma outra pesquisa. Apenas sua lógica dedutiva. Hoje, num mundo em que praticamente qualquer experimento, dedução ou comprovação de uma teoria não é factível sem a utilização de computadores e/ou calculadoras superpotentes, tal feito é simplesmente inimaginável.

E dois séculos depois foi provado que os neurônios, ou melhor, o sistema neuronal descrito por Young – neurônios de banda larga – são o padrão e não a exceção. Mais uma disputa “vencida” pelos distribucionistas.

“Curiosamente, sem ter acesso a qualquer um dos instrumentos computacionais e outros artefatos de alta tecnologia que abundam nos modernos laboratórios de neurofisiologia, Thomas Young, munido apenas de papel, tinta, uma pena e muitas velas para iluminar seus devaneios notívagos, foi capaz de deduzir intuitivamente uma das mais fundamentais leis da ciência da mente. Apenas pelo pensamento.”

Imediatamente ao terminar de ler o parágrafo acima, veio-me à mente algo que sempre assombra meus pensamentos: ao delegarmos a essas “máquinas” o processamento de nossas ideias, estamos utilizando nossos neurônios na mesma proporção para aprender e apreender coisas novas e diferentes, ou simplesmente permitindo que eles fiquem cada vez mais preguiçosos? Pergunto-me repetidamente se nossos antepassados “pensavam” mais e melhor que nós hoje.

E o autor, finaliza a lista de confrontos, falando sobre Camillo Golgi e Santiago Ramón y Cajal. Como Nicolelis o descreve:
“Microscopista quase mágico, Ramón y Cajal combinava uma habilidade laboratorial até então inigualável com um dom artístico apurado para o desenho e uma criatividade para a abstração pouco comum entre seus pares.”
Como já havia comentado, foi de Cajal o primeiro desenho (fiel) de um neurônio que vi num livro de neuroanatomia na faculdade. E a técnica utilizada para Cajal visualizar e, posteriormente, desenhar os neurônios levava-o a inferir que cada célula era uma unidade de processamento. Enquanto isso Golgi remava contra a maré, propondo que “a fusão de axônios era responsável pela gênese do que ele chamou de redes de nervos”.

E, numa ironia do destino (para quem acredita que ele existe), ambos dividiram o Nobel de Fisiologia e Medicina em 1906. Com um discurso inspirado e inflamado, Cajal envolveu os presentes e, aparentemente, saiu vencedor do confronto. Mais dois séculos e a grande maioria dos neurocientistas (termo cunhado justamente nessa premiação de 1906) acredita que Golgi estivesse certo em sua visão mais abrangente. E silenciosamente, a rede neural mais uma vez venceu a disputa.


Referências:
Biografia de Thomas Young, na Livraria Cultura
Descoberta da bioeletricidade: Galvani x Volta
Experimento dupla ranhura: vídeo e texto
Teoria tricromática

.

.

A caminho de 2012

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 6 de dezembro de 2011 at 15:18

meteorologia: nublado ainda
pecado da gula: pão na chapa com manteiga
teor alcoolico: nada por hoje
audio: danycast #99
video: italian job

Menos de 4 semanas até começar 2012 e eu, que não pretendia fazer lista de resoluções de Ano Novo, já incluí dois itens nela.

Como na França diz-se "Nunca dois, sem três" ("Jamais deux sans trois"), para não deixar a lista capenga, resolvi incluir mais um item e completar a minha tríade de interesses - cinema, literatura, corrida.

É um objetivo repetido, pois tentei este ano e não consegui. E a minha lista ficou assim:

  1. Assistir a um filme ou episódio de série por dia.
    Ou isto ou aquilo
  2. Ler um livro por mês, no mínimo, e escrever um post sobre o selecionado.
    Desafio literário
  3. Completar uma maratona em 4h ou menos.
    Ainda não resolvi qual fazer, mas certamente escolherei uma cujo percurso não seja acidentado demais

Bom, chega né? Quanto maior a lista, menor a probabilidade de conseguir cumprir todas as proposições. Melhor parar por aqui então.


.

.

Desafio literário

coded by ctellier | tags: , | Posted On segunda-feira, 5 de dezembro de 2011 at 20:14

meteorologia: frio e garoa... cadê o calor???
pecado da gula: bombom com avelã
teor alcoolico: 1 smirnoff ice
audio: podcast pipoca e nanquim 53
video: breaking bad

Depois de ler este post no Leitura Escrita, cheguei à conclusão de que a sugestão do Desafio Literário seria uma ótima oportunidade para (tentar) zerar minha fila de leitura. A ideia é ler um livro por mês, o que não é difícil. Mais difícil é resistir às tentações e não adquirir outros.

O primeiro desafio foi listar todos os livros ganhos ou adquiridos, e não lidos, espalhados pela casa. O segundo, conseguir encaixar os itens da minha lista nos temas de cada mês. E não foi possível. Consegui apenas quatro. Então desencanei e alterei os demais temas a fim de adaptar a lista aos meus livros.

E ficou assim:

Jan/2012 – Literatura Fantástica
Guerra dos Tronos
J.R.R.Martin

leitura ✔
post ✔
"Winter is coming"





Fev/2012 – Nome Próprio (de pessoas)
Clarice,
Benjamin Moser

leitura ✔
post ✔
A esfinge





Mar/2012 – Lendas universais
O andarilho - Trilogia do Graal (vol.2)
Bernard Cornwell

leitura ✔
post ✔
"Calix meus inebrians"





Abr/2012 – Escritor(a) oriental
Battle Royale
Koushun Takami

leitura ✔
post ✔






Mai/2012 – Escritor(a) russo(a)
Os irmãos Karamazov
Fiodor Dostoievski

leitura
post






Jun/2012 – Livro que virou desenho animado
As viagens de Gulliver
Jonathan Swift

leitura
post






Jul/2012 – Neurociência
Do que é feito o pensamento
Steven Pinker

leitura
post






Ago/2012 – Terror
Shining
Stephen King

leitura
post






Set/2012 – Geração Beat
On the road
Jack Kerouac

leitura
post






Out/2012 – Graphic Novel
Fun Home
Alison Bechdel

leitura
post






Nov/2012 – Livro que virou filme
Contato
Carl Sagan

leitura
post






Dez/2012 – Policial
Sherlock Holmes - Edição completa
Arthur Conan Doyle

leitura
post






Lendo esses 12, ainda restam 14, que eu tenho certeza serão acrescidos por várias compras por necessidade, ou melhor, impulso. Já que, para quem ainda não percebeu, além de leitora eu sou uma colecionadora de livros compulsiva. E, para completar, estou certa de que algum deles vai acabar furando a fila e sendo lido antes do previsto.

P.S.: A intenção é, não apenas ler mas também, escrever um post sobre cada livro lido. Acho que esse é o desafio maior.

.

.

Drops » Dragões de éter

coded by ctellier | tags: , | Posted On domingo, 4 de dezembro de 2011 at 09:39

meteorologia: nublado
pecado da gula: pizza amanhecida
teor alcoolico: nada ainda
audio: podcast cinema em cena #12
video: patriot games

Dragões de éter - Caçadores de bruxas, de Raphael Draccon

Havia comprado o livro (autografado) em um workshop sobre a jornada do herói, ministrado pelo Eduardo Spohr e pelo próprio Raphael Draccon, há mais de um ano. Ele estava quase no fim na minha (sempre extensa) lista de leitura. Até que me inscrevi em um outro workshop, desta vez sobre roteiro, com o Draccon. Achei que deveria, antes da data do workshop, ao menos saber como ele escrevia e se eu gostava ou não do que ele escrevia. E o primeiro volume de "Dragões de éter" cortou a fila.

Admito que o título e algumas resenhas deixaram-me meio com "o pé atrás" antes de iniciar a leitura. Tive a impressão (felizmente errônea) de que a estória era fantasiosa e espiritual demais para o meu gosto literário. E, logo nas primeiras páginas, fui favoravelmente surpreendida por uma narrativa despretensiosa e ao mesmo tempo sedutora, repaginando de modo bastante criativo os contos de fadas que povoaram meu imaginário durante a infância.

Duas características - além da estória em si, lógico - acredito que sejam responsáveis pelo fato do livro agradar tanto. A narrativa é feita em terceira pessoa. E o narrador é uma atração à parte. Bastante parcial e opiniático, conversa com o leitor de uma maneira que o deixa confortável e muito à vontade com todo o universo da estória. Fez-me lembrar bastante o narrador de "O hobbit", com seus comentários, por vezes jocosos, no decorrer da narrativa. Outro facilitador são os capítulos pouco extensos. Sei que é psicológico, mas iniciar a leitura e ver que o capítulo estende-se por vinte e tantas páginas às vezes é desanimador. Com capítulos curtos, além de sabermos que podemos lê-los em pequenos intervalos de tempo, avançamos na leitura sem perceber. É algo assim: "ah, este capítulo é pequeno... só mais um... só mais um...". E quanto notamos, a noite avançou e ainda estamos imersos, acompanhando as aventuras e desventuras dos personagens.

Se alguém me pedir indicação de um livro de literatura fantástica (mesmo não especificando que deva ser brasileiro), eu certamente irei sugerir "Dragões de éter". Aliás, farei isso principalmente se quem pedir a indicação não for leitor assíduo desse estilo de narrativa. Acredito que o talento de Draccon consiga despertar o interesse por literatura fantástica até em quem habitualmente lê romances ou biografias. Afinal, a estória é envolvente, a premissa é inteligente, a escrita é fluida. E não há como negar, vender 70 mil exemplares num país que não tem muito o hábito da leitura e mais, não tem tradição em literatura fantástica, é algo que não pode ser desconsiderado.

.

.