Jogos vorazes

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 5 de março de 2011 at 19:35

meteorologia: chuva e um friozinho metido a besta
pecado da gula: waffles
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: add #818

The hunger games, Suzanne Collins

"Este livro narra uma luta mortal pela sobrevivência num futuro sombrio, encenada por crianças e transmitida ao vivo para todos os habitantes de uma nação construída nas ruínas de um lugar anteriormente conhecido como Estados Unidos." (fonte: Livraria Cultura)

Essa foi a sinopse que li no site em que costumo comprar livros. Minha atenção sobre ele foi despertada ao ver um post no blog da Ana Carolina Silveira - Leitura Escrita - em que ela lista todos os livros adquiridos ou ganhos em 2011, até agora. E um deles era esse. Achei o nome bastante sonoro e provocou meu interesse. Além disso, um dos comentários no post fez a leitura parecer bastante atraente.

Como boa compradora compulsiva - e impulsiva - acabei adquirindo-o ao ir à livraria para procurar outra coisa. Vi-o na prateleira, li a contra-capa, as orelhas e não tive outra alternativa a não ser levá-lo para casa (isso foi na 3a.feira, há 5 dias).

Terminei de lê-lo hj. Gostei e admito que me surpreendeu. Excedeu as expectativas. Na verdade, não eram muitas pois pouco sabia do livro. Apenas quando estava quase no fim da leitura que, vasculhando a internet, fiquei sabendo que já era sucesso de vendas, que fazia parte de uma trilogia e que vai virar filme. Possivelmente, se eu soubesse que fazia parte de uma coleção não o teria adquirido. Principalmente, sabendo que não há data prevista para o lançamento dos outros dois volumes.

A leitura é rápida, pois não vemos a hora de chegar ao final para saber a conclusão da estória. E a autora utiliza-se muito bem da sucessão de pequenos conflitos (e respectiva solução) para "agarrar" o leitor do início ao fim. Todos os elementos da jornada do herói, estão ali, facilmente identificáveis. Um ponto a favor foi o fato de não enfocar os personagens de modo maniqueísta. Isso os torna palpáveis, mais próximos da realidade, pois ninguém é 100% bom ou 100% mau. Os gradientes de cinza estão sempre presentes.

Há algum tempo não lia um livro que não tivesse vontade de largar enquanto não chegasse ao fim. Os personagens são cativantes. O cenário pós-apocalíptico difere da maioria dos livros que se utilizam dessa ambientação. O texto encanta por não apenas divertir. A crítica social subjacente nos prende tanto à estória quanto às aventuras - e desventuras - dos personagens.

Recomendo. Ótima sugestão para este sábado chuvoso de carnaval.

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Iris

coded by ctellier | tags: | Posted On at 09:24

meteorologia: chuva que não pára
pecado da gula: pizza amanhecida
teor alcoolico: nada ainda
audio: nerdcast #249

"There is only one freedom of any importance, freedom of the mind." (Iris Murdoch)

Iris, direção de Richard Eyre

Não tinha intenção de fazer um post sobre este filme. Ao terminar de assisti-lo, achei que não valia a pena. Mas discorri tanto (*) sobre ele durante a semana que, por fim, pareceu merecedor de um comentário um pouco mais extenso do que o deixado no GetGlue.

Gosto muito de Judi Dench, ou melhor, Dame Judi Dench. Suas atuações são sempre concisas e bastante envolventes - quando o filme o demanda, lógico ("The Chronicles of Riddick" e os da série 007 certamente não contam). Aliás, todo o elenco está excelente. Judi Dench e Kate Winslet como Iris Murdoch. Jim Broadbent e Hugh Bonneville, como John Bayley (marido de Iris). O maior mérito das atrizes é conseguir convencer o público de que ambas são a mesma pessoa. E mesmo não havendo semelhança física entre as duas, elas o conseguem com maestria.

O filme alterna entre a juventude de Iris Murdoch e o momento em que começam a surgir os primeiros sintomas do Alzheimer. Apesar de as idas e vindas no tempo serem excessivas e contribuirem para o filme ser menos atraente, o contraste entre a persona nessas duas fases é o que prende o expectador.
A decadência causada pelo Alzheimer incomoda não só pela doença em si. Mas, no caso da autora, por privá-la de algo tão caro a ela desde a juventude: o uso da palavra. É extremamente aflitivo vê-la perder-se em tentativas frustradas de continuar fazendo o que dava sentido à sua vida, transformar ideias em palavras. Para quem gosta de escrever (como eu) e tem apreço pelo uso da palavra, essa situação deflagra uma agonia difícil de descrever.

Enfim, é um ótimo exemplo de como o "capital humano" faz diferença. Não é um grande filme. O roteiro não é excepcional, os cenários não são grandiosos, a trilha sonora não é memorável, a direção fica muito, muito aquém da originalidade, não tem efeitos especiais mirabolantes. Mas só a atuação do elenco já vale a experiência de assisti-lo.


(*) Agradecimentos especiais ao feliz proprietário da orelha que foi feita de repositório dos meus comentários.

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