Closer

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 5 de dezembro de 2009 at 15:08

meteorologia: instável
pecado da gula: pastel de feira
teor alcoolico: ainda nada... a noite vai ser longa
audio: magnolia soundtrack
video: high stakes poker


Closer, direção Mike Nichols
Apesar de a trama ser uma paráfrase da "Quadrilha", de Drummond, o filme vale pelos excelentes diálogos e pela atuação primorosa do elenco. Aliás, os diálogos sarcásticos e afiadíssimos são o principal atrativo. À semelhança de "Who's Afraid of Virginia Woolf?" (filme de meados dos anos 60, também de Nichols), as palavras são usadas como artífice para atingir o outro. No duelo verbal entre os personagens de Liz Taylor e Richard Burton, o único objetivo é ferir o mais profundo possível. Como ambos se conhecem muito bem devido ao convívio em dezenas de anos de casamento, sabem exatamente como tornar devastadoras as frases metralhadas entre eles, atingindo o efeito desejado.
Em Closer, a violência verbal também está presente. A linguagem crua expõe uma visão deprimente e extremamente destrutiva da natureza humana. A impossibilidade do amor. A inevitabilidade da infidelidade. O desejo de manipulação. O paradoxo de que algumas vezes nosso pior lado pode aparecer num relacionamento amoroso. A consciência da própria fragilidade e os ardis para disfarçá-la. A imperfeição das escolhas.
Sem floreios na direção de câmera, as imagens casam perfeitamente com os diálogos, focando nos rostos dos atores, nas expressões faciais, nos gestos, nos trejeitos.
Nichols conseguiu extrair o máximo de seu elenco. Todos estão ótimos, mas Clive Owen surpreende ao encarnar o "macho manipulador". E foi interessante ver Julia Roberts atuando novamente, depois de tantos filmes apenas "figurando" em cena.

Enfim, é um filme forte, que pode não agradar a todos, seja pela temática, seja pela crueza. Mas vale assistir.

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Every hand revealed

coded by ctellier | tags: , | Posted On quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 at 06:50

meteorologia: chuva... chuva... chuva...
pecado da gula: panetone
teor alcoolico: até agora, nada
audio: hôtel costes
video: a ilha da fantasia

Every hand revealed, Gus Hansen

Demorou, mas terminei de ler. Apesar de não ser um livro sobre teoria do poker, merece ser lido sem pressa. O livro é um registro de todas as mãos jogadas por Hansen durante o main event do Aussie Millions (em 2007), torneio em que ele "cravou" o primeiro lugar, embolsando nada menos que 1.200.000 dólares.
É muito interessante perceber que "The madman" não é simplesmente um jogador loose agressive. Que ele sabe tuuudo sobre a matemática do jogo e se aproveita como ninguém da sua imagem de maníaco na mesa.
Ele analisa mão a mão, descrevendo seu raciocínio, exemplificando cada uma das opções que teve em momentos cruciais do torneio, inclusive as mãos que ele largou.
É o melhor livro de poker que li até agora. Vale cada centavo investido.

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The Curious Case of Benjamin Button

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 29 de novembro de 2009 at 15:57

meteorologia: chuva pela manhã (atrapalhou minha corrida)
pecado da gula: batatas sautées
teor alcoolico: 2 stella artois
audio: metallica
video: Sarah Connor Chronicles



The curious case of Benjamin Button
, direção David Fincher
Inspirado em conto homônimo de Scott Fitzgerald, o filme conta a estória de um homem que nasce com a aparência de um idoso de 80 e poucos anos e cujo corpo vai rejuvenescendo à medida que o tempo passa. Diferente do conto, no filme, ele amadurece com o passar dos anos ao invés de regredir até a mentalidade de um bebê.
Poderia ser a trajetória de vida de qualquer um, não fosse essa particularidade. E é isso que o filme é, a estória de um cidadão comum, seus amores, suas perdas, suas alegrias. E foi justamente isso que me fez compará-lo, antes do vigésimo minuto de projeção, a Forrest Gump.
E as semelhanças apenas vão se acumulando à medida que a película avança. Os dois personagens são pessoas incomuns, Gump com seu raciocínio limítrofe, Button com sua estranha condição médica. Ambos foram criados por mães de personalidade forte, ambos tem dificuldade para andar na infância, ambos resvalam em acontecimentos históricos, ambos vão para a guerra, ambos se encantam por barcos, ambos se apaixonam por mulheres independentes. E, ambos os personagens são "rasos", mas Gump tem a seu favor sua dificuldade mental, que talvez justificasse a falta de profundidade nos pensamentos. Tamanha similaridade talvez se deva ao fato de que o roteirista seja o mesmo, Eric Roth.
Não digo que o filme não seja bom, tem seus méritos, técnicos principalmente. Mas, comparativamente a Forrest Gump, na minha opinião, perde longe. Este último tem a seu favor a ótima trilha sonora, os "inserts" históricos hilários na grande parte das vezes, os personagens secundários interpretados por ótimos atores (Sally Field, Gary Sinise, Mykelti Williamson).
Sou fã de David Fincher (Seven e Fight Club são obras-primas) e veio daí o interesse em assistir o filme. Mas creio que seu approach cerebral não casou muito bem com a temática da estória.
Apesar de tudo, são duas horas e meia de projeção que se passam sem cansaço nem impaciência. Mas acho que não gastaria meu tempo assistindo novamente.

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