2 Coelhos

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 7 de maio de 2013 at 18:12

meteorologia: sol e vento frio
pecado da gula: arroz com bacon
teor alcoolico: nada ainda
audio: nina sinome
video: the dead zone

2 Coelhos (2012)
roteiro e direção: Afonso Poyart
★ ★ ★ ★ ★

Sinopse:
Edgar (Fernando Alves Pinto) encontra-se na mesma situação que a maioria dos brasileiros: espremido entre a criminalidade, que age impunemente, e a maioria do poder público, que só age com o auxilio da corrupção.
Cansado de ser vítima desta situação, ele resolve fazer justiça com as próprias mãos e elabora um plano que colocará os criminosos em rota de colisão com políticos gananciosos.
(fonte: filmow)

Apesar de Edgar estar realmente na situação descrita no primeiro parágrafo da sinopse, sua motivação não é bem aquela descrita no segundo parágrafo. Na verdade, sua intenção é tirar proveito da impunidade e da corrupção em benefício próprio, ou seja, aproveitar-se das brechas na justiça e da ganância de políticos corruptos a fim de garantir um bom pé de meia para ele e a namorada, Júlia (Alessandra Negrini). O que, no meu entender, faz muito mais sentido do que pensar em Edgar como um “vigilante” ou um “Robin Hood” que conclui que fazer justiça por conta própria irá efetivamente mudar de algum modo a situação atual do país.

Desde Tropa de Elite que o público percebeu que cinema nacional não se resume apenas a filmes-cabeça ou comédias made in Globo Filmes. Contudo, ainda assim há poucos que saem dessa linha. Este, diferente da maioria, tem nitidamente um tom de videoclipe. A mistura de cenas de ação, quadrinhos, videogames com o cenário cinzento de São Paulo deu um resultado muito bom, que prende a atenção do espectador do início ao fim. Tem-se a impressão que Poyart juntou todas as ideias que tinha para fazer um filme mais um monte de referências pop, colocou um saco, chacoalhou e depois usou o resultado da mistura como roteiro. Certamente por isso, em alguns momentos, há um certo exagero tanto nas referências quanto na utilização de efeitos visuais gráficos.

É irritante ouvir/ler pessoas comentando sobre o filme e soltando o eterno clichê: “É bom, mesmo sendo nacional.” . Que isso?! Há bons e ruins de qualquer nacionalidade. Essa falácia de que só o que vem de fora, a priori, tem qualidade já deveria ter saído da cabeça do público há tempos. Se há algo a ser dito, a ser destacado neste filme é que, mesmo sendo nacional, a estética dele é diferente de praticamente todos os filmes brasileiros a que assisti até hoje. E lembra filme americano, sim. Aliás, lembra muito o estilo de um diretor especificamente - Guy Ritchie. A montagem veloz - às vezes, com cortes rápidos demais - remete imediatamente aos filmes de ação feitos em Hollywood. E, apesar de eu particularmente preferir planos mais longos, a quantidade de cortes casa muito bem com o ritmo da narrativa.

A estória é narrada, em off, pelo protagonista. Ágil e descontinuada, com idas e voltas no tempo, é essa (des)estrutura que segura o espectador na poltrona. É exatamente assim que alguém conta uma estória – vai contando, de repente lembra-se de um detalhe, volta, conta o que ficou faltando, apresenta um personagem que vai ser importante só mais tarde na estória, omite alguns detalhes sabendo que vão gerar suspense. A trama está bem amarrada, exceto por um ou outro “nó” que não chega a ser atado ao fim do filme, o que não chega a prejudicar o resultado final.

O elenco está bem, com uma ou outra ressalva. Fernando Alves Pinto encarna perfeitamente o cara que sabe o que quer e como conseguir. Até sua dicção falha malemolente casou bem com o personagem. Alessandra Negrini, sempre linda, consegue ir de moça apaixonada a femme fatale numa boa, apesar de em alguns momentos parecer estar atuando no automático. Caco Ciocler é o elo fraco. Além da motivação de seu personagem não ficar muito clara, sua atuação - no melhor estilo ‘cigano Igor’ - deixa bastante a desejar. Para compensar, os “bad guys” - Deputado Jader Kerteis (Roberto Marchese) e Maicon (Marat Descartes) - entregam performances bastante críveis, mesmo com o exagero de canastrice em algumas cenas.

Perdoados os escessos e falhas de um diretor principiante, é um filme que vai conquistando o público à medida que avança. Enfim, é difícil terminar de assistir e não pensar (às vezes em voz alta): “Yes, we can! Quem disse que brasileiro não pode fazer filme de ação?”.



.

.

Drops » Hemlock Grove

coded by ctellier | tags: , , | Posted On domingo, 5 de maio de 2013 at 09:30

meteorologia: ar seco e quente
pecado da gula: bolo formigueiro
teor alcoolico: 1 duvel
audio: nina simone
video: in the flesh

★ ★ ★ ★ ★

Mais uma produção exclusiva da Netflix, com lançamento simultâneo (19/04/2013) em todos os países em que a empresa está presente. E, mais uma vez, assim como com House of cards, toda a primeira temporada foi disponibilizada de uma só vez. Quem estiver a fim de aproveitar esse friozinho de início de outono, ajeitar-se no sofá com o kit edredom + pipoca + café e fazer uma maratona da série, não precisa esperar.

A premissa "garota assassinada em cidadezinha do interior onde todo mundo tem um segredo" é batida. Mas, ao começar a assistir, esperava que talvez os roteiristas consiguiriam sair do lugar-comum não apenas acrescentando doses maciças de violência e seres sobrenaturais.

Infelizmente, a série ficou muito aquém de House of cards. Talvez, devido a House of cards, a expectativa tenha ficado muito alta e difícil de ser atingida. A série é bem produzida, isso é inegável. Mas não conseguiu me prender. Diferente de House of cards, que eu certamente acompanharia mesmo que tivesse sido veiculada semanalmente, esta eu só cheguei ao final da temporada por ter sido liberada toda de uma vez. Se eu tivesse de aguardar pelo episódio da semana seguinte, provavelmente não acompanharia assiduamente. A falta de ritmo, de “pegada” mesmo da narrativa não deixa o espectador com muita vontade de continuar assistindo. Algumas subtramas se arrastam de maneira desnecessária. E o excesso de flashbacks compromete demais o fluxo narrativo.

Não é que a estória seja ruim. Contudo, fica-se com a impressão de que os roteiristas não conseguiram se decidir entre dar um tom de realismo fantástico - valendo-se de argumentos científicos - e mergulhar definitivamente na fantasia e partir da premissa que as criaturas existem sem necessidade de explicação. A série não é tão chata quanto algumas críticas fizeram parecer, mas mesmo assim está longe de se tornar a predileta de algum espectador.



.

.