Drops » Body Heat

coded by ctellier | tags: , | Posted On sábado, 21 de janeiro de 2012 at 21:08

meteorologia: e a chuva continua
pecado da gula: cheese dog
teor alcoolico: 2 stella artois
audio: alternativando #152
video: criminal minds

Body Heat (Corpos Ardentes)
Direção e roteiro de Lawrence Kasdan

Apesar do título nacional dar a impressão de se tratar de um típico filme de sacanagem, não é bem isso (*). É, na verdade, uma homenagem bastante bem-sucedida de Kasdan ao filme noir - estilo que eu particularmente gosto muito.

E, seguindo o que parece ser quase uma receita de bolo, este filme tem os elementos principais de praticamente todos os filmes noir:
  • o detetive particular: substituído, neste caso, por um advogado. William Hurt - em seu segundo ou terceiro filme - é Ned Racine, um advogado pé de chinelo, negligente, não muito bem sucedido, metido a mulherengo.
  • a femme fatale (que costuma contratar o detetive): Kathleen Turner - em seu primeiro filme - é Matty Walker, uma socialite sensual, esposa de um investidor.
  • o crime: não vou dar spoiler, mas costumam variar entre traição, roubo, assassinato.

Durante uma onda de calor na Flórida, numa noite excepcionalmente quente, Ned conhece Matty. Apesar da relutância inicial dela, acabam por se tornar amantes e Ned fica totalmente envolvido pela sensualidade - e esperteza - de Matty.
Isso é simplificar a estória, mas me abstenho de contar mais para não estragar a diversão de quem resolver assistir.

Interessante reparar no restante do elenco:
Ted Danson, muito antes de ficar grisalho, como Peter Lowenstein, advogado amigo de Ned.
Mickey Rourke, no tempo em que ainda era bonitão, em início de carreira, como Teddy Lewis, um ex-cliente de Ned.

Estória bastante inteligente, com diálogos bem estruturados e repletos de duplos sentidos. Este é um daqueles filmes que sentimos vontade de assistir novamente logo que os créditos terminam. Brilhante roteiro de Kasdan que se utiliza com excelência da premissa de que nada é o que parece ser.

"You aren't too smart, are you? I like that in a man. "
Matty [to Ned]



(*) Não é um filme de sacanagem, mas há algumas cenas beeeem tórridas.

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"There is no playbook..."

coded by ctellier | tags: , | Posted On domingo, 15 de janeiro de 2012 at 22:30

meteorologia: e a chuva não parou ainda
pecado da gula: tábua de frios
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: vortex cultural
video: nerdoffice

Black Mirror
Roteiro de Charlie Brooker

São Pedro praticamente não me deixou outra alternativa a não ser passar a tarde toda enfurnada em casa. E, já que ele deu a entender que a chuva não iria parar tão cedo e eu teria de ficar em casa, resolvi fazer uma mini-maratona de uma série de tv que eu não conhecia - dica do @ivan_pd.

As poucas informações que eu tinha sobre a série:
1) É inglesa
2) É de sci-fi
3) Tem apenas três episódios
4) Cada episódio tem uma estória "fechada"

Séries inglesas costumam ser boas. Não só boas mas, em boa parte dos casos, com qualidade bem acima da média. E qualidade como um todo - produção, roteiro, elenco, direção. Vide o exemplo recente de "Sherlock" (post aqui), assim como "Life on Mars" (a original) e "Doctor Who". E essa não fugiu à regra.

Sci-fi é um estilo que eu gosto muito. Tanto na literatura, quanto no cinema e na tv. Ou seja, uma série de sci-fi sempre merece ser vista. Mesmo que seja para ser descartada da lista de séries a ser acompanhada assiduamente. Numa das curtas sinopses que li, afirmava-se que a série é uma mistura de "Tales of the Unexpected" e "Twilight Zone". E isso já atiçou minha curiosidade, pois sempre gostei muito de "Twilight Zone".

Não ser muito longa foi um estímulo a assisti-la nessa tarde chuvosa de domingo. Difícil não fazer referência a "Sherlock", mas há algumas diferenças entre elas. Os episódios de "Black Mirror" não são tão longos quanto os de "Sherlock" - têm por volta de 1h de duração. E não há personagens em comum entre os episódios.

Cada episódio é uma estória independente. Não é como "Fringe", que tem um núcleo de personagens enfrentando o monster of the week - assim como era também "X-Files". São narrativas totalmente independentes. Em comum, apenas o estilo sci-fi e a abordagem de temas relacionados à modernidade: a explosão das redes sociais (no 1o.), a massificação e a virtualização do modo de vida (no 2o.), a utilização de um dispositivo de armazenamento de memória (no 3o.).

A ousadia na abordagem dos temas e a opção por não "mastigar" as explicações para o espectador são o principal atrativo. Eu, particularmente, detesto filmes, livros, séries de tv (ou qualquer outra mídia) com muitas explicações. O mais divertido, ao menos para mim, é poder tirar minhas próprias conclusões. Mesmo que, eventualmente, elas não estejam muito corretas. Deixar espaço para que a inteligência do leitor e/ou espectador seja solicitada é sempre um atrativo. Sei que há pessoas que gostam de desligar o cérebro e ser tratadas como "dummies" - note-se a audiência de mais um BBB - mas este não é o meu caso. Lógico que, vez ou outra, é relaxante assistir algo que não demande (muito) do nosso raciocínio. Mas eu, sinceramente, prefiro que o meu seja desafiado sempre que possível. E esta série tem muito disso. Vários detalhes não são explicados para o público. Não há aquele clássico truque de roteiro de utilizar um novato, estagiário ou similar, a quem tudo deva ser explanado. O fato está lá, aconteceu e pronto. Ninguém, nenhum personagem vai parar para justificar ou dar uma explicação. E isso torna a série dinâmica, além de bastante instigante.

Inteligente, satírica na medida certa, enfim... Quando começa a segunda temporada?!



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Il cimitero de Praga

coded by ctellier | tags: | Posted On at 14:38


O cemitério de Praga, de Umberto Eco

Definitivamente, o monstro da expectativa é muito, muito terrível.

Assim como atores/atrizes continuam sendo identificados, durante toda a vida, por algum papel marcante - Daniel Radcliffe sempre será Harry Potter - escritores também sofrem algo semelhante: terem seu livro mais famoso sempre tomado como base de comparação com o restante da obra.

Acredito que não seja apenas comigo que isso tenha acontecido em relação a Umberto Eco. "O nome da rosa" é um livro excepcional, principalmente para quem tem amor aos livros (como eu). E a comparação é inevitável. Todo livro de Umberto Eco que leio fico esperando algo similar a essa obra inesquecível. Fico na expectativa de que o texto desperte em mim a mesma admiração, o mesmo enlevo que senti ao ler "O nome da rosa".

Sobre "O cemitério de Praga", ao perguntarem minha opinião, a resposta é sempre Brastemp style:
É bom, eu gostei, mas... não é "O nome da rosa".
Contudo devo admitir, que de todos os demais livros de Eco que li, este foi o que mais se aproximou. Conseguiu retomar com bastante êxito o estilo chamado de suspense erudito, inaugurado por Eco justamente com "O nome da rosa".

Ao ler a sinopse, fiquei bastante animada. Uma trama envolvendo espionagem, falsificações, preconceitos, seitas, conspirações, assassinatos, em que o único personagem fictício é o protagonista, um italiano que vive em Paris. Todos os demais existiram realmente. Imediatamente, pensei em algo como um Forrest Gump do século XIX.

As idas e vindas no tempo chegam a confundir um pouco no início, mas logo nos acostumamos a seguir a linha narrativa. Terminada a leitura, agora que já conheço a trama - bastante rocambolesca, por sinal - fiquei com a sensação de que possivelmente desfrutaria mais do livro numa releitura.

Tenho certeza que teria gostado ainda mais do livro se eu conhecesse mais dos personagens e eventos históricos retratados. Certamente teria sido muito mais interessante. A erudição da trama aproxima-se bastante de "O nome da rosa". Porém o excesso dela, em vários momentos, chega a deixar o texto pouco fluido, dificultando continuar a leitura. Tive a impressão, em alguns trechos, de que o autor estava apenas se exibindo, mostrando o quanto conhecia do assunto abordado, vaidoso de toda sua cultura (nesse quesito, "O pêndulo de Foucault" é bem pior, parece quase uma tese de doutorado).

Para quem leu (e adorou) "O nome da rosa" e se decepcionou com os demais (assim como eu) é uma boa pedida para revisitar a obra de Umberto Eco.

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Incinerando películas » Awake

coded by ctellier | tags: , | Posted On at 12:35

meteorologia: só chove e chove
pecado da gula: pizza amanhecida
teor alcoolico: 2 itaipava
audio: add #844
video: criminal minds

Awake (Awake - A Vida Por Um Fio)
Direção e roteiro Joby Harold

Precisava achar um filme não muito longo para assistir ontem. Afinal, iria acordar cedo hoje para participar de uma prova de corrida. Esse estava passando na tv a cabo. Já tinha começado a assistir em outra ocasião, mas por algum motivo, não assisti inteiro. Ontem, eu descobri que não tinha perdido nada.
A começar pelo título. Mania irritante das distribuidoras que, sem saber como traduzir o título original, optam por utilizar esse título acrescido de um subtítulo que tenta explicar do que se trata o filme.
Usar a consciência anestésica (*) como mote para o desenvolvimento da estória é até uma boa ideia, mas foi extremamente mal utilizada. As experiências extra-corpóreas do personagem ocupam boa parte do filme, o que deixou tudo bastante entediante.
Atuações medíocres (como sempre) de Jessica Alba e Hayden Christensen. Lena Olin parece estar lá apenas de corpo presente. Nem mesmo o talento de Terrence Howard consegue deixar o filme menos ruim. Junte-se a isso vários diálogos horríveis e "voilà!", mais um filme que eu não recomendaria a ninguém.


(*) Paciente em cirurgia, mesmo anestesiado, tem consciência do que ocorre à sua volta

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