Did you see that?

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 18 de setembro de 2010 at 20:19

meteorologia: frio e nublado
pecado da gula: pastel de feira e bomba de chocolate (exagero!!!)
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: nerdcast #227
video: as horas

Inception, direção Christopher Nolan

Não fui assistir ao filme apenas pelo burburinho ao redor dele. Lógico que me fez ficar curiosa, mas certamente não foi o principal motivo. A razão principal foi a direção de Christopher Nolan. Desde Memento que admiro o trabalho desse diretor. Seus filmes saem do lugar comum e sempre, mesmo em Batman Begins, há algo além da estória. Sempre há o que ler nas entrelinhas, nos detalhes. O uso da metalinguagem é algo que torna seus filmes sempre muito interessantes de assistir. Além disso, a montagem e a fotografia sempre esmerada são um diferencial a mais.

Já havia lido algumas resenhas sobre o filme. Tentei não ler nenhuma crítica, nenhuma análise ou teoria. Fui ao cinema, apenas sabendo que a temática era sobre sonhos e que a direção era de Nolan, o que garantia um mínimo de qualidade (desde que não fosse tão chato quanto Insomnia). Antes mesmo de ir assistir, eu já tinha uma crítica. Mas tive de retroceder depois de consultar um dicionário, pois desta vez, o título nacional chegou bem próximo do sentido do título original, mesmo não sendo a tradução literal.

Tecnicamente o filme é impecável. Toda a fotografia, enquadramentos de câmera, efeitos especiais, tudo tem sua razão de ser. Nada está ali apenas por estar. Aliás, a utilização de efeitos especiais ultimamente tem deixado muito a desejar justamente por esse motivo. Muitos deles não são essenciais à estória e muitas vezes não são necessários, estando ali apenas para mostrar o que é possível fazer com CGI. No filme de Nolan, não. A cena da cidade se dobrando é de tirar o fôlego, simplesmente sensacional, serve à trama e não tem nada de gratuita. E todos os efeitos estão perfeitamente integrados à narrativa, inclusive muitos deles foram feitos à moda antiga, utilizando cabos e cenários articulados ao invés de computação gráfica. Além de dar veracidade às cenas, evita que o espectador se distraia da estória enquanto se maravilha com os efeitos. O próprio Nolan contrariou os executivos da Warner ao se recusar a fazer o filme em 3D, alegando justamente isso. Até o recurso da câmera lenta - que muitos diretores utilizam indiscriminadamente - é encaixado de modo a fazer total sentido. Minha única ressalva é quanto às cenas de ação. Achei algumas um pouco exageradas. Em alguns momentos tinha a sensação de estar assistindo a um filme de James Bond. Mas nada que me fizesse desabonar o filme. Aliás, em certo ponto do 4o. nível de sonho, um dos personagens faz exatamente a mesma pergunta que me fazia no momento, “Couldn't someone have dreamt of a goddamn bitch, huh?” Nessas cenas eu tive a impressão de estar num filme de 007, com algumas sequências totalmente descartáveis.

Mais um destaque importante é a trilha sonora. Utilizando como base uma canção de Edith Piaf, “Non, je ne regrette rien” - elemento importante na trama - Hans Zimmer constrói uma trilha que envolve o espectador. Fantástico e genial como sempre. Pena que a canção não esteja no cd da trilha sonora original. Senti falta. Detalhe interessante é que a atriz que interpreta a cantora no filme “Piaf”, Marillion Cotillard, está no elenco, como a esposa do personagem principal.
Aproveitando a deixa, o elenco está muito bem. Nenhuma atuação excepcional, mas o grupo está bastante entrosado, resultando num conjunto bem coeso e harmônico. Interpretações competentes, mixando atores da nova e velha guarda (veja-se Michael Caine, presente em quase todos os filmes de Nolan), dando a dinâmica necessária ao desenrolar da estória.

Sobre a estória em si, é difícil discorrer sem spoilers. Pelo questionamento da realidade, assemelha-se bastante à Matrix. Estamos dormindo ou acordados? O que estamos vivendo é sonho ou realidade? E pela temática onírica, criação e manipulação dos sonhos, remete a Total recall. Mas enquanto eu estava assistindo, lembrei várias vezes de The prestige.Em vários momentos, pensei no personagem de Michael Caine explicando o princípio básico de um truque de magia: "There are three parts to every magic trick ... 1) The Pledge 2) The Turn, and 3) The Prestige!" E é interessante que Inception segue exatamente essa estrutura. A apresentação do mecanismo dos sonhos e sua invasão, qual é a “profissão” de Don Cobb (DiCaprio), qual o objetivo da equipe de Cobb e a preparação para atingi-lo. A invasão em si, englobando todos os níveis de sonho necessários à tarefa. E por fim, o questionamento deixado em aberto no final do filme.

Não é um filme tão acessível ou de fácil consumo como um Karate Kid ou [Rec]2, citando alguns dos filmes em cartaz. Mas, diferentemente do que ouvi algumas pessoas comentando, não achei o filme confuso, nem a estória e muito menos a sequência dos fatos. A montagem do filme pode dar esta impressão, devido ao paralelismo da ação, mas não há nada de não-linear nele. Se há razão para assisti-lo mais de uma vez, certamente não é para entender a sucessão de eventos. Mas sim para, já conhecendo o enredo, prestar (ainda mais) atenção nos detalhes, nas pistas espalhadas por toda a estória.

Eu, inclusive, saí do cinema, não só com vontade de vê-lo novamente, mas também de rever todos os filmes de Nolan. Pois é impressionante como ele domina a arte a que se dedica, além de ser um ótimo contador de estórias. Embalou um típico filme de assalto com uma roupagem sci-fi e fez o público sair do cinema discutindo sobre os limites da realidade. Apesar de não ser esse o foco de Nolan no filme (e por isso ele é tão bom no que faz). A ‘magia’ do filme, a prestidigitação em si, é que enquanto estamos prestando atenção em toda essa dinâmica entre sonho e realidade, Nolan passa 150min. nos falando sobre a arte de fazer filmes. É metalinguagem o tempo todo, algumas vezes nas palavras de Cobb outras pela boca de Ariadne.

Como disse no outro post, o filme não é genial. As idéias do roteiro certamente não são originais nem extremamente criativas. Mas a excelência está na forma como essas idéias foram encaixadas, exibidas e vendidas para o espectador. Esse é o grande mérito do filme. No meu entender, cinema é acima de tudo entretenimento. Se a diversão vier acompanhada do “fazer pensar”, o público sai do cinema cativado e motivado a conversar sobre o filme e fazer a famosa propaganda boca-a-boca. E é este o caso de Inception.

Vale conferir. Eu recomendo.


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Top 10 (ou Bottom 10)

coded by ctellier | tags: | Posted On quarta-feira, 15 de setembro de 2010 at 21:55

meteorologia: nublado, mas ainda não choveu
pecado da gula: beirute de frango
teor alcoolico: 2 doses de absolut
audio: dispersando #04
video: final do us open (reprise, lógico)

Sempre escrevo e comento sobre filmes e/ou livros bons, que eu gostei e recomendo. Nem sempre a gente tem a sorte de assistir “aquele” filme que nos faz comentar e recomendar aos amigos. Vez ou outra assistirmos uma bomba, e eu me sinto na obrigação de avisar aos incautos, para evitar que percam seu tempo assistindo um lixo, seja em termos de produção, seja em termos de roteiro ou atuação do elenco.

A lista (infelizmente) é extensa, sendo assim, vou me ater aos desastres assistidos nos últimos meses em dvd, blu-ray ou tv a cabo, pois na tv aberta bastariam 2 dias. Os comentários são curtos porque não vale a pena me estender muito.

Whiteout (Terror na Antártida)
Sonolento, passa-se o filme todo aguardando que algo aconteça.

Snakes on a plane (Serpentes a bordo)
Filme B da pior qualidade, nem consegui chegar ao o final. Como Samuel L. Jackson se sujeitou a isso?!

G.I.Joe
Inúmeros furos de roteiro, efeitos especiais muitas vezes desnecessários, atuações abaixo da média

Max Payne
Nem se compara ao jogo, que merecia um bom filme. Roteiro ruim, diálogos sofríveis, fraco demais.

The happening (Fim dos tempos)
Depois de "O sexto sentido" e "Unbreakable", Shyamalan perdeu a mão, nada mais prestou.

Dreamcatcher (O apanhador de sonhos)
Stephen King deve se contorcer de raiva por um roteiro tão ruim baseado num livro seu.

Sex and the city
Esquece de investir numa boa estória para investir no glamour. As grifes estão todas lá, mas cadê o roteiro?

Clash of the Titans (Fúria de titãs)
Pros saudosos do original, é uma afronta à memória do filme da sessão da tarde. Roteiro imbecil, efeitos piores ainda, o 3D é uma piada.

Battlefield: Earth (A reconquista)
Até o roteirista pediu desculpas pelo filme... Ganhador do Framboesa de Ouro no ano do lançamento.

Esses eu definitivamente não recomendo!!!
Se resolver assistir, que seja por sua conta e risco...

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Dr. Walker

coded by ctellier | tags: | Posted On segunda-feira, 13 de setembro de 2010 at 22:10

meteorologia: tempo seco de novo
pecado da gula: corneto prestígio
teor alcoolico: 2 smirnoff ice, 2 stella artois
audio: argcast ponto de vista

Andar de moto deixa a gente naturalmente impaciente. Por um simples motivo: andar de moto (principalmente em São Paulo) significa não pegar trânsito. Ou melhor, pegar trânsito, mas não ficar preso nele. Ver os carros totalmente parados, ou no máximo a 20 ou 30km/h e passar por eles no limite máximo permitido na via, seja ele 70, 80 ou 90km/h. E pior, deixa a gente mal acostumado. Atualmente, ao andar de carro, a menos que o trânsito esteja bom, livre e desimpedido, passo a maior parte do percurso pensando no tempo perdido ali naquele trânsito parado, enquanto que de moto, possivelmente eu já teria chegado ao destino.

Mas o que percebi depois de começar a andar de moto é a falta de educação no trânsito, praticamente generalizada. De moto, a atenção precisa ser redobrada, não só pela pilotagem da moto em si pois, como dizia meu avô, “a diaba foi feita pra cair”, como também pela imprudência e falta de consciência dos demais motoristas - tantos os dos carros, quanto boa parte dos motociclistas (no caso, motoqueiros e/ou motoboys). Some-se a isso a falta de habilidade de alguns motoristas e um trajeto de 10min. pode se tornar uma trilha de obstáculos.

Hoje mesmo, ao voltar para casa, ia contornar uma rotatória quando, do nada, assim sem mais nem menos, o carro à minha frente parou. Freou sem motivo aparente, nenhum veículo estava na rotatória além dele, nem um outro vinha na sua direção. E ele simplesmente parou. Sem razão. Mesmo que outro veículo viesse, a preferência é dele. É sempre de quem já está na rotatória. E ele parou. Se eu não estivesse prestando atenção, se tivesse olhado no retrovisor nesse momento, ou apenas olhado para o lado e eu teria tomado um capote, daqueles cinematográficos. A moto teria ficado na traseira do carro e eu teria voado por cima dele. E esse é apenas um dos exemplos da falta de consciência dos motoristas. Desviei em tempo, e nem me dei ao trabalho de olhar para trás e descobrir o motivo da parada.

Outro detalhe simples, e que de moto faz uma diferença tremenda, é dar seta antes de virar ou trocar de faixa. Não há um só dia que eu não tome uma fechada de algum fdp que troca de faixa dando seta apenas no momento em que invade o corredor ou, na pior das hipótese, sem sinalizar nada. Nessa hora lembro, e falo dentro do capacete, o nome de uma comunidade do Orkut da qual faço parte: “Dá seta, p@#$%!”. Eu sei, concordo que a maior parte da frota de motoboys é composta de folgados e imprudentes. Mas os demais usuários de moto como meio de transporte devem ser respeitados. O motociclista é mais penalizado por ser menor e mais vulnerável, mas mesmo os demais carros são atingidos (às vezes, literalmente) por essa atitude imprudente e irresponsável.

Sempre que penso em atitude no trânsito, lembro-me daquele desenho Disney em que o Pateta é um cara pacato e sossegado que se transforma ao sentar-se ao volante. Parece como que possuído por uma entidade sádica e violenta. Assista aqui.


Às vezes, tenho a impressão de que o trânsito faz emergir o pior de nós. Em algum lugar, lembro de ter lido que, no trânsito, cada motorista comporta-se como um gato de Schrödinger transgressor, estando em dois estados opostos ao mesmo tempo, questionando a atitude irresponsável e a barbeiragem dos demais e cometendo os mesmos absurdos por ele criticados.
Mas acho que tudo acaba se resumindo à educação. O “mau comportamento” dos demais não pode, nem deve servir de justificativa para se achar no direito de reproduzir o erro alheio. Respeito é bom e deve ser praticado sempre, inclusive no trânsito.

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Test-drive: Brooks Glycerin 8 (parte 2)

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 12 de setembro de 2010 at 10:45

meteorologia: sol e céu azul
pecado da gula: pão na chapa com manteiga
teor alcoolico: nada ainda
audio: fita cassete #017
video: F1

Voltei há pouco do Ibirapuera. Fui lá fazer meu longão semanal. Agora, já refeita e devidamente hidratada e alimentada (nada como um pãozinho na chapa depois do treino), tenho totais condições de descrever minha experiência com o tênis novo.

Já adianto que não tenho qualquer ressalva. Mantenho a opinião que dei após o treino na esteira.

Foi ridiculamente fácil fazer os 18km a menos de 5:30min/km.
Não sei se por estar “na pilha” depois de uma semana bancando o hamster - todos os treinos foram na esteira. Se eu estava num dia particularmente bem disposta. Se foi auto-sugestão por estar calçando um tênis novo. Ou se foi realmente por conta do tênis. Mas não me lembro de ter feito um treino longo assim, nesse pace. A percepção de esforço era de um pace acima de 6:00, mas eu olhava o relógio e estava marcando 11,5km/h ou mais. Até pensei que talvez o sensor inercial estivesse desregulado. Mantive-me num percurso conhecido, de 3km, e surpreendentemente completei-o em pouco mais de 16min. Uau! O sensor estava marcando corretamente e eu estava treinando em pace de prova!!! Grata surpresa.

Consegui manter o ritmo até o final do treino. E terminei bem, sem dores ou qualquer incômodo, seja nos pés ou nas pernas. Aguardava ansiosa o momento de descalçar o tênis, não por estar incomodando de alguma forma, mas para verificar as condições dos meus pés. Meias encharcadas de suor, como sempre. Mas pés intactos, nenhuma bolha. Muito bom! Totalmente aprovado. Já foi eleito para ser o tênis da minha próxima meia maratona.

Gostei e recomendo.

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