Drops » House of cards

coded by ctellier | tags: , , | Posted On sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013 at 18:34

meteorologia: chuva de novo
pecado da gula: bolo de banana
teor alcoolico: nada ainda
audio: cinecast cult #5
video: the watcher

Sinopse:
Série de televisão norte-americana de drama político criada por Beau Willimon para o site Netflix. Ela é estrelada por Kevin Spacey como Frank Underwood, um impiedoso e ambicioso político que almeja um alto cargo público em Washington, D.C.. House of Cards é uma adaptação do romance homônimo escrito por Michael Dobbs e da minissérie britânica criada por Andrew Davies.
(fonte: Wikipedia)

Outra série - além de Homeland - surgiu como candidata a preencher o vazio deixado pelo fim de Fringe. Há uma semana, dia 01/02, acessei o Netflix, como de hábito, para assistir a mais um episódio de Dexter ou Breaking Bad. Dei de cara com um box gigantesco anunciando a estreia de House of cards, série produzida pela própria Netflix. O poster me chamou a atenção na hora, afinal, Kevin Spacey como protagonista não é algo a se dispensar.

A série foi lançada nesse dia, em todos os países em que a Netflix atua. E não apenas isso, TODOS os episódios da primeira temporada estavam disponíveis. Ou seja, para quem curtisse, havia a possibilidade de fazer uma “maratona House of Cards”, sem a necessidade de aguardar uma semana pelo episódio seguinte. Haja disposição para encarar 13 episódios de quase uma hora de duração cada, em sequência. Fui comedida, tenho assistido a um por dia, intercalando com dois ou três de Homeland.

Para os que não estão acostumados e/ou não conhecem os meandros da estrutura política americana, ou que não têm o hábito de assistir outras séries de mesma temática - West wing, Game change, Political animals - a série é ideal. O personagem de Spacey quebra a quarta parede e conversa com o espectador, explicando em detalhes o que ele está pensando, o que ele sabe que os outros estão pensando, o que ele pretende fazer e o que os demais pretendem fazer. O didatismo em alguns momentos chega a ser exagerado. É como explicar uma piada - o que Underwood faz algumas vezes, inclusive. Isso não chega a tirar o interesse do público, mas torna a série um pouco mais lenta que o necessário.

Os episódios são dirigidos por diretores tarimbados, entre eles David Fincher, Joel Schumacher e Alan Coulter. Os primeiros episódios foram dirigidos por Fincher e é interessante notar o quanto se nota “a mão” do diretor em algumas cenas. Por exemplo, nas sequências que se passam na redação do Herald Tribune, tanto o cenário, quanto a fotografia e mesmo alguns quadros lembram demais Zodiac, dirigido por Fincher em 2007.

O elenco, além de Spacey, conta também com a presença de Robin Wright - excepcional como Claire, a esposa de Frank - e Kate Mara, numa atuação muito boa.

Já li por aí que a segunda temporada foi confirmada e deve começar a ser filmada ainda em 2013. Ótima notícia para quem, assim como eu, foi conquistada e passou a acompanhar com interesse as “aventuras” do protagonista mau-caráter. Vale a pena.




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Drops » Homeland

coded by ctellier | tags: , , | Posted On quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013 at 22:34

meteorologia: eo verão continua desaparecido
pecado da gula: misto quente
teor alcoolico: 1 smirnoff ice
audio: café brasil podcast #336
video: once upon a time

Sinopse:
Série de televisão norte-americana desenvolvida por Howard Gordon e Alex Gansa, baseada na série israelense Hatufim criada por Gideon Raff. Ela é estrelada por Claire Danes como Carrie Mathison, uma oficial de operações da CIA que passa acreditar que um fuzileiro americano, que era um prisioneiro da Al-Qaeda, passou para o lado inimigo e agora representa um significativo risco a segurança nacional.
(fonte: Wikipedia)

Quem acompanha meu mini-projeto “365 Screenshots”, ou me segue no getGlue, Twitter ou Facebook, possivelmente tenha visto que assisti à primeira temporada em menos de uma semana.
Indicação da Giselle, órfã de Fringe assim como eu, baixei a toda a temporada e comecei a assistir sem muito entusiasmo. Aliás, até o terceiro episódio, é uma boa série, acima da média, porém só começa a pegar ritmo e instigar o espectador a partir daí.

Não é difícil compreender por que a série não me “pegou” logo de início. É diferente de Fringe. Não há universos paralelos, nem viagens no tempo, nem tecnologias super avançadas, nem cotexiphan para ampliar os poderes da mente e, principalmente, não há Walter Bishop - sem dúvida alguma, o melhor personagem da série, imortalizado pela inesquecível performance de John Noble. Homeland não é ficção científica. Homeland é sobre o “mundo real”. Passa-se nos tempos atuais, logo após a morte de Bin Laden.

Como drama, não funciona muito bem. Mas como suspense, é excepcional. Percebe-se o capricho dos roteiristas na construção dos personagens. São tridimensionais, multifacetados, complexos. Aliás, boa parte do suspense advém do fato de o espectador nunca estar totalmente certo sobre as reações dos personagens, já que suas motivações vão sendo reveladas aos poucos. Reviravoltas na medida certa para nos instigar a continuar assistindo (leia-se "nos viciar). E um elenco bastante competente, destacando-se Damian Lewis, como o Sgt.Nicholas Brody, e Claire Danes.

Comecei a assistir à segunda temporada hoje. E já estou triste por antecipação. São apenas 12 episódios, que devo terminar antes do final da semana. E depois? Depois, o jeito é aguardar o início da terceira temporada, programado apenas para setembro :-(




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Django... the "D" is silent

coded by ctellier | tags: | Posted On segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013 at 23:39

meteorologia: tempo instável não, indeciso
pecado da gula: misto quente
teor alcoolico: 1 stela artois
audio: bananacast #38
video: homeland

Django unchained (2012) - Django livre
roteiro e direção: Quentin Tarantino

Confesso que, terminado o filme, saí do cinema obrigada. Bateu aquele saudosismo dos anos 80, em que conseguíamos ficar várias sessões seguidas na sala de cinema. Depois da curtíssima cena pós-créditos a vontade era assistir a tudo de novo, para rir mais uma vez das inúmeras piadas de humor negro e tentar perceber outras referências dentre as muitas que Tarantino inseriu no filme.

Que fique clara uma coisa sobre o filme: não é um faroeste, é um faroeste de Tarantino. Dito isto, o que espera o espectador que conhece o estilo do roteirista e diretor ao assistir Django? Diálogos inteligentes, referências e/ou homenagens a outros filmes (não apenas westerns), cenas violentas, críticas ao status quo e humor.

Enganou-se quem achou que, por ser um bang-bang, Tarantino veria-se obrigado a moderar no que é sua característica mais marcante: os diálogos afiados. Apesar de menos “ligeiros” que o habitual - justamente para adequação ao estilo do filme - a metralhadora giratória de frases inteligentes não foi deixada de lado. Há alguns extremamente inspirados, como o da cena que abre o filme, nos apresentando o Dr. King Schultz (Christoph Waltz) - que, aliás, é dono das melhores falas durante todo o filme. Bom humor, ironia, sarcasmo, desprezo, bajulação. Tudo junto e misturado num amálgama cujo efeito é segurar o espectador enquanto este aguarda pela próxima cena de ação.

Misturar western e blaxploitation é algo que não sairia da cabeça de ninguém além de Tarantino. E não é do faroeste clássico que se trata, mas sim do faroeste spaghetti. E as referências já dão as caras logo de início, quando os créditos iniciais - formatados conforme os faroestes de “antigamente” - se sucedem ao som da música-tema do Django “original”, de 1966, composta por Ennio Morriconi. Dirigido por Sergio Corbucci, o protagonista é encarnado por Franco Nero que, obviamente, faz uma ponta neste filme. Aliás, aproveitando, é importante destacar que Bacalov fez um trabalho excelente na trilha sonora. Incorporar rap e hip-hop num faroeste sem parecer algo totalmente fora de propósito não é para poucos. E a música incidental também não deixa a desejar. Pode ser apenas mais uma lenda urbana, mas diz-se em alguns sites por aí que Tarantino selecionou as músicas dentre as que ouviu no seu mp3 player enquanto dirigia para as locações de filmagem.


A fotografia também se destaca. Paisagens típicas de filmes de faroeste em panorâmicas que remetem a muitos outros filmes. Algumas tomadas diferenciadas que evidenciam o cuidado de não copiar, mas de homenagear o estilo. E os closes, que geraram algumas reclamações, têm sua razão de ser explicada pelo óbvio: porque é um filme de Tarantino e ele gosta disso; e porque é uma homenagem aos westerns spaghetti que faziam uso desse recurso.

Que me desculpem os que reclamam do excesso de violência, de sangue e de vísceras, mas quem reclama disso não entendeu o “espírito da coisa”. Primeiro, a violência não é gratuita - aliás, não há cena gratuita no filme, mesmo as que assim parecem - algumas poderiam ser mais “enxutas”, deixando o filme menos longo. Segundo, a violência é estilizada e seus resultados são exagerados com o intuito - que para mim pareceu claro - de provocar o público, de causar desconforto ao espectador, de fazê-lo refletir - mesmo que rapidamente -, parar e pensar “Caramba, por que estou rindo dessa cena?”. E, lógico, também com o intuito de divertir os fãs do diretor. Afinal, filme de Tarantino sem sangue espalhado na tela não é um filme de Tarantino.


Os personagens centrais - Django, Dr.Schultz e Calvin Candie -, mesmo sendo menos tridimensionais que o habitual nos filmes de Tarantino, crescem aos olhos do espectador devido às atuações inspiradas de Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio, respectivamente. Ouvi e li algumas opiniões sobre a atuação de Foxx, quase reclamando que ele construiu um personagem que passa praticamente dois terços do filme à sombra do Dr. Schultz. Mas é necessário lembrar que, além de a trajetória de Django seguir fielmente a “jornada do herói”, o personagem é um herói em formação. Sendo assim, nada mais natural que a sua presença vá crescendo à medida que o filme avança, culminando com a sequência final em que ele inclusive até já encontrou seu “uniforme de super-herói”.

Com relação às críticas infundadas que Spike Lee fez ao filme - sem tê-lo visto, há algumas observações a serem feitas. É no mínimo idiotice criticar sem ter assistido. Se a intenção dele era chamar atenção, conseguiu. Atenção para si e muito mais atenção para o filme. Sobre o que ele falou - que Tarantino estava sendo desrespeitoso com o tema - há que se observar o seguinte:
  • O filme não é “sobre” a escravidão. A escravidão é o pano de fundo. O filme é sobre um homem em busca de sua amada, tema recorrente em westerns, que é do que realmente se trata o filme.
  • A cena com o grupo racista, um prelúdio da Ku-Klux-Klan, não é apenas a mais engraçada do filme como contém a crítica mais ácida possível tanto à essa organização quanto à escravidão. Não há nada melhor para criticar e desabonar algo do que ridicularizá-lo. E é exatamente isso que Tarantino fez. Tanto o assunto da discussão entre os membros da organização quanto o comportamento deles enquanto discutem exemplificam à perfeição a opinião do diretor sobre o tema.
  • Além disso, Shultz é porta-voz de Tarantino ao declarar, demonstrando sua aversão ao preconceito racial e à escravidão: “Sinto-me culpado.” Bem, se isso é ser desrespeitoso, há que se questionar em que premissas tortuosas Spike Lee se baseou ao fazer tal afirmação.

É inegável que, partindo do premissa que Tarantino sempre faz cinema sobre Cinema, os cinéfilos e principalmente os fãs de faroeste se deliciem assistindo e identificando as referências espalhadas pela trama. Mas nem por isso o filme deixa de ser atraente e divertido para o público “não-iniciado”.


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