Ponto cego

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 15 de setembro de 2012 at 09:36

meteorologia: sol e calor
pecado da gula: pão com nutella
teor alcoolico: nada ainda
audio: afrocelts
video: cabine literária #68

Ponto cego
Felipe Colbert

Sinopse
Um ano após o acidente que interrompeu a gravidez de Nilla e sentindo-se culpado pela iminente separação, o repórter Daniel Sachs recebe um pedido de socorro escondido em um objeto e descobre que sua ex-mulher desapareceu em Veneza durante a cobertura de um show de ilusionismo. Seguro de que é o único que pode ajudá-la, ele parte em busca do resgate da fotógrafa e, consequentemente, a correção de todo passado. Porém, pistas misteriosas dão indícios de que o desaparecimento de Nilla possa estar ligado a um novo tipo de comércio ilegal na cidade – a produção de filmes snuff. Ao solicitar ajuda ao investigador Giuseppe Pacino, Daniel passa a ser perseguido e a ter sua vida ameaçada por um impiedoso criminoso. A situação piora quando eles ficam sabendo que Lorenzo Oro, um ilusionista cego de grande prestígio na Europa e dono de habilidades surpreendentes, foi a última pessoa a conversar com Nilla antes de seu desaparecimento. Incerto das próxima ações, Daniel enfrentará uma série de obstáculos e revelações imprevisíveis até chegar ao clímax arrebatador: a decisão de permitir ou não que seu corpo seja controlado por outra pessoa para salvar a mulher que ainda ama.
(fonte: www.skoob.com.br)


Acredito que uma boa parcela de leitores desenvolveu seu gosto pela leitura com livros de mistério ou policiais - Agatha Christie, Rex Stout, Conan Doyle, Georges Simenon. E eu não me excluo. Mas antes de ler a Dama do Mistério, eu já me aventurava por esse estilo curtindo vários livros da Coleção Vagalume - quem foi adolescente nos anos 80 deve lembrar bem deles: O mistério do cinco estrelas, de Marcos Rey; O escaravelho do diabo, de Lúcia Machado de Almeida, entre tantos outros.

Desde então, sempre que tive em mãos um exemplar desse tipo de literatura, ficava na expectativa de reviver aquela sensação gostosa de ver-me envolvida pela estória a ponto de não poder largar a leitura. E, confesso, há muito tempo isso não ocorria. Até eu tirar Ponto cego da prateleira da livraria e começar a folheá-lo. Como de hábito, li a contracapa, as orelhas e nesse ponto já estava interessada na estória. Comecei a ler o prólogo e... "Bingo!", lá estava aquela sensação novamente. A trama é bastante envolvente, o suficiente para que eu terminasse de lê-lo em menos de um dia. Felizmente, a impressão inicial não se desfez. Gostei muito, apesar de alguns poréns que não chegaram a tirar o prazer da leitura.

O autor escreve de modo a induzir o leitor a seguir lendo. E há duas coisas na estrutura da estória que eu curto bastante e que foram bem utilizadas por Colbert. Nenhuma delas é novidade, mas o autor fez bom uso do recurso:
  1. O prólogo é um trecho de algo que só vai acontecer quase no final do livro, um pouco antes do clímax. O leitor é jogado numa fogueira, sem entender muito bem o que está ocorrendo. O autor acertou em cheio na escolha da cena que é oferecida como “aperitivo”. O trecho deixa quem lê com aquele comichão de saber logo “que diabos é aquilo”. E não lhe resta alternativa a não ser continuar com a leitura.
  2. Inicialmente, a estória tem dois fios narrativos principais - um deles acompanha Daniel; o outro, Pacino. Estes se alternam com um terceiro - acompanhando o(s) vilão(ões) - que, apesar de menos desenvolvido não é menos importante e intrigante. E o autor, na maioria dos capítulos, deixa um fio pendente, fazendo o leitor querer avançar logo pra continuar daquele ponto. Semelhante a Game of Thrones, com a diferença de que o narrador, neste caso, é onisciente e não em primeira pessoa. Boa estratégia que cria expectativa do momento em que as estórias irão se cruzar.

Não dá para deixar de notar certa semelhança com os livros de Dan Brown, principalmente Código da Vinci. Os principais elementos estão ali:
  • estória ambientada em outro país, dando oportunidade para um tour turístico enquanto os eventos se sucedem;
  • um casal de desconhecidos que se une para solucionar um mistério. Ele, um forasteiro. Ela, moradora da cidade “estrangeira”, que lhe serve de guia;
  • um sujeito aparentemente fora do comum, incumbido de uma missão obscura - ou mais de uma.

Contudo, as semelhanças acabam aí. O estilo de Colbert é bem menos megalomaníaco e grandiloquente, e o texto não tem tanto aquele aspecto de “pronto para virar filme”. Os personagens são mais humanos, causando maior empatia do leitor. Em Código da Vinci, o enfoque é maniqueísta, não há meio-termo. Com o perdão do clichê, é tudo preto no branco. Os personagens, apesar de alguns pequenos defeitos, são facilmente separados entre mocinhos - bons, altruístas, cheios de qualidades - e bandidos - maus, traiçoeiros, cheios de defeitos. Enquanto que, em Ponto cego, há gradações de cinza entre os extremos, como o investigador Pacino. Ele é quase um anti-herói - alcóolatra, mal-humorado, irascível, apartado dos colegas de trabalho, execrado pelo chefe -, mas que apesar de toda sua vivência ainda se esforça para cumprir seu dever de policial, tentando garantir que a justiça seja feita. Resumindo, um mocinho com muitos, muitos defeitos. Ainda sobre os personagens, ou melhor, sobre a construção deles. Enquanto que os masculinos são muito bem construídos - temos a sensação de conhecê-los muito bem -, os femininos deixam um pouco a desejar. Achei-os mais superficiais e, em alguns casos, careciam de motivação plausível - Sophia, por exemplo.

Tenho uma observação quanto ao final. Tive a impressão de estar assistindo a um daqueles filmes em que o roteirista planta um monte de questões durante a trama que apenas são respondidas, às pressas, nos últimos 20 minutos de filme. Achei que o desenlace ocorreu rápido demais e que a “cena pós-crédito”, ou melhor, pós-clímax se desenrolou em tão poucas páginas que quase pareceu um deus ex machina, uma solução um pouco forçada.

Mas enfim, exceto por alguns pequenos percalços na narrativa - e alguns pequenos erros de revisão - o livro merece ser lido. É uma trama policial nos moldes daquelas “de antigamente”, com os mistérios sendo esclarecidos por pessoas - pelas células cinzentas como diria Hercule Poirot - e não por traquitanas tecnológicas. Vale investir algumas horas e acompanhar Daniel em sua busca, enquanto conhecemos um pouco mais de Veneza.



Sobre o autor:
Felipe Colbert é autor de dois livros e especialista em estruturação de romances. Possui trabalhos publicados no Brasil e na Europa. Estreou na literatura em 2008 com a obra policial A entrevista ininterrupta, publicada pela Novo Século.
(fonte: http://www.felipecolbert.com.br)

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Águaaaaaaa!!!

coded by ctellier | tags: , | Posted On domingo, 9 de setembro de 2012 at 14:46

meteorologia: sol e calor
pecado da gula: cachorro quente
teor alcoolico: nada ainda
audio: add_0875
video: cabine literária 68

Não tenho a intenção de discutir a importância da hidratação durante a atividade física. Todo corredor sabe o quanto é importante. Também não pretendo discutir sobre qual é a frequência ideal de ingestão de líquidos - se é preciso beber antes da sede ou apenas quando ela aparece. E nem afirmar nada sobre o que é melhor ingerir - água ou isotônicos. Meu intuito é falar sobre o aspecto prático da hidratação: como levar a água, ou o que quer que o corredor pretende beber.

Para quem treina indoor, isso simplesmente não é um problema. Toda esteira tem um porta-squeeze e, mesmo que não tivesse, bastaria deixar a garrafinha ao lado dela e beber a qualquer momento ou interromper o treino por alguns minutos e ir até o bebedouro.

Mas para quem treina na rua na maior parte das vezes - e eu me incluo - isso costuma ser um problema. Em treinos curtos, não sinto muita falta. Até uns 8 km, faço numa boa. A partir disso, sem condições. Sei de corredores que aguentam correr uma distância maior sem hidratar, mas não sei se pode-se considerar uma atitude muito saudável.

As opções são variadas. Para quem treina com uma assessoria, é possível ir ao parque ou à USP aos sábados e fazer uso dos "postos de hidratação" estrategicamente colocados. Mesmo para quem não treina com assessoria, há sempre a opção dos bebedouros. Eu treino com uma assessoria, mas, ultimamente, não estou com muita paciência para ficar dando voltas e mais voltas num parque ou mesmo na USP. Acabei optando por correr na rua mesmo, usando o Garmin para contabilizar a distância - e torcendo para que ele não trave ou desligue no meio do caminho.






Fazendo isso, não só eu mas outros corredores também nos vemos frente a uma decisão a ser tomada: como hidratar-se? Basicamente, acho que há quatro maneiras:
  • usar um cinto de hidratação;
  • usar uma mochila de hidratação;
  • levar um squeeze;
  • não levar nada para beber, mas levar dinheiro e ir parando para comprar água e/ou isotônico no meio do percurso.






Não tenho a pretensão de afirmar que um outro método seja melhor. Vou falar sobre o que funciona para mim. Vamos às minhas considerações sobre cada uma das alternativas:
  • cinto de hidratação
    Já havia tentado usar um daqueles com uma garrafinha de 750ml. Não gostei, chacoalhava demais e a garrafinha, que deveria permanacer para trás, vinha sacolejando e volta-e-meia já estava na frente. Pensei depois num daqueles com várias garrafinhas pequenas, até 200ml. Testei numa loja e também não gostei. Não chacoalhava tanto quanto o outro modelo, mas ainda assim me incomodava.
    Descartado.
  • mochila de hidratação
    Nunca foi realmente uma opção para mim. Porém, já que havia ganho uma no WBT (World Bike Tour), pensei que não faria mal algum experimentar. Testei e também não gostei. Eu não sou muito alta e não consegui ajustar a mochila de modo que ficasse bem justa ao corpo, sem ficar chacoalhando muito. E tem o agravante de que, por eu correr sempre usando regatas, as alças ficavam incomodando.
    Descartada.
  • dinheiro
    Aparentemente, o mais prático. Mas tem o inconveniente de que é necessário planejar o percurso a fim de passar por padarias, botecos e similares e fazer o pit-stop de hidratação. Além disso, há quem não goste de fazer essas paradinhas no meio do treino,mas eu não me incomodo.
  • squeeze
    Sempre me pareceu a melhor opção. Eu tinha um porta-garrafa da Asics, que eu não usava com a garrafinha que acompanha, mas com uma da Reebok. Ela é mais estreita e mais confortável de segurar, já que não tenho mãos grandes. E eis que vejo, por acaso, a garrafinha Fuel Belt com suporte pra mão anunciada no Mercado Livre (a de bolso laranjinha na foto). Pelas fotos, parecia bem mais "anatômica" do que a que eu vinha usando até agora. E já que o preço não era uma exorbitância - R$ 49,00 -, comprei. Chegou no meio da semana e estreei ontem no longão.
    Aprovada 100%. Ótimo encaixe. Na minha mão, que é pequena, ficou super bem ajustado. Como o suporte tem regulagem, acredito que para mãos maiores o ajuste também fique bom. O formato da garrafa beira a perfeição, já que a mão fica numa posição bem natural ao segurá-la. E, muito importante, não é preciso "fazer força" para carregar a garrafa, pois o suporte a prende à mão quase como uma extensão do nosso corpo. O suporte tem um bolso maior com zíper e um outro menor com velcro. No primeiro cabem dinheiro, chaves, documentos e similares. E o segunto foi projetado possivelmente para moedas - mas eu usei para levar uma pastilha de Suum.

Finalizando, nas minhas corridas longas na rua, optei por uma combinação dinheiro + squeeze (o da Fuel Belt). Ontem, por exemplo, levei-o preenchido com Enduroxx. Quando esvaziou, parei numa padaria e comprei uma garrafa d'água de 500ml. Bebi metade na hora e enchi o squeeze. Cheguei ao Ibirapuera, tomei uma água de côco, enchi novamente o squeeze num bebedouro e coloquei a pastilha de Suum. Deu certinho, não fiquei com o tanque seco em nenhum momento.


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