Premium Rush

coded by ctellier | tags: | Posted On sábado, 14 de setembro de 2013 at 15:25

meteorologia: verão, cadê você?
pecado da gula: cocada
teor alcoolico: nada ainda
audio: beethoven
video: breaking bad

Premium Rush (2012) - Perigo por Encomenda
roteiro: David Koepp, John Kamps
direção: David Koepp
★ ★ ★ ★ ★

(resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 03/09/2013)

Todo motorista que circula pelas ruas de São Paulo já está habituado aos motoboys. E quando digo habituado, refiro-me à presença deles e não às suas estrepolias no trânsito, geralmente súbitas e inseguras. Imagine se essa horda de “cachorros loucos” fosse formada por couriers pilotando bicicletas ao invés de motos. Conseguiu imaginar? Se sim, você acaba de visualizar Nova Iorque. Agora imagine que alguns desses “ciclistas” estejam correndo contra o tempo, não para fazer a entrega no menor tempo possível, mas para resolver um problema causado pelo conteúdo de uma das entregas. Imaginou? Então você acaba de vislumbrar o roteiro de “Perigo por Encomenda”.

Wilee (Joseph Gordon-Levitt) é um quase advogado (falta fazer o exame final, similar à da OAB) que trabalha como entregador-ciclista, ou bike messenger, suprindo sua demanda por adrenalina pedalando ferozmente pelas ruas de Nova Iorque. Na gíria dos ciclistas, ele é um fixeiro, ou seja, usa uma bicicleta sem marchas, sem roda livre (os pedais se movem o tempo todo junto com as rodas) e sem freios - já que os próprios pedais podem ser utilizados para frenagem. Ele é o que se poderia chamar de adepto do ciclismo “de raiz”.

Bobby Monday (Michael Shannon, o General Zod de “Homem de aço”) é um policial viciado em jogo que quer o conteúdo de um envelope que deve ser entregue por Wilee. Vanessa (Dania Ramirez) é a ex-namorada, também entregadora, que desaprova o modus operandi de Wilee. Manny (Wolé Parks) é outro bike messenger da mesma empresa, que cobiça Vanessa e inveja Wilee.

Gordon-Levitt literalmente deu o sangue pelo papel, sua atuação é intensa o bastante para convencer o espectador de que ele realmente consegue pedalar daquela maneira. Contudo, o filme basicamente se resume a perseguições frenéticas pelas ruas de Nova Iorque enquanto Bobby tenta impedir que o tal envelope chegue a seu destino, com direito a um alívio cômico proporcionado por um policial nova-iorquino, também ciclista. Alguns flashbacks intercalados explicam como cada personagem chegou à situação atual. Inserções no estilo Google Maps and Navigation ilustram as rotas a serem seguidas pelos messengers. E o próprio Wilee tem ‘previews’ dos caminhos possíveis a seguir quando um obstáculo se apresenta.

E é apenas isso. Um filme de perseguição, rápido, não cansativo, interessante de assistir num sábado de ócio no sofá com pipoca. Diverte sem ser tolo, apesar de algumas situações improváveis. Mas também não leva a qualquer reflexão pós-filme. Puro entretenimento.



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2 Guns

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 10 de setembro de 2013 at 15:10

meteorologia: sol e céu azul
pecado da gula: pão de queijo
teor alcoolico: nada ainda
audio: tiesto
video: the bone collector

2 Guns (2013) - Dose dupla
roteiro: Blake Masters
direção: Baltasar Kormákur
★ ★ ★ ★ ★

(resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 27/08/2013)

O filme é uma adaptação da série de quadrinhos homônima publicada em 2007 pelo Boom! Studios. Escrita por Steve Grant e ilustrada pelo brasileiro Mateus Santolouco, a HQ conta a história de um agente do departamento de narcóticos (DEA), Robert 'Bobby' Trench (vivido no filme por Denzel Washington), e de um oficial da inteligência naval, Michael 'Stig' Stigman (no filme, Mark Wahlberg), que investigam um ao outro sem saber de suas reais identidades. No filme, trabalham juntos tentando se infiltrar um cartel, mas algo dá errado e ambos acabam perseguidos por seus próprios empregadores.

É um típico buddy movie, mas com algumas particularidades que incrementam a narrativa. A fórmula “dupla combatendo o crime”, apesar de bastante batida, funciona bem aqui. Isso se deve principalmente ao detalhe de que cada um deles não sabe da verdadeira identidade do outro, ao menos no início da trama. Trabalhando para agências diferentes, acham que o parceiro é um traficante de verdade, o que resulta em situações bem divertidas. Depois de descobrirem que ambos estão do mesmo lado da lei, a “graça” persiste ao se tornarem uma versão século XXI de Murtaugh e Riggs, discutindo o tempo todo feito um casal ranzinza.

É uma pena que a estrutura “dupla age baseada em fatos que se revelam falsos / dupla se ferra / dupla se safa” repita-se tantas vezes durante todo o filme, a ponto de se tornar cansativa. Na segunda metade do filme, o espectador já assiste às cenas aguardando o momento em que o roteirista “puxa o tapete” dos protagonistas para ver como eles conseguirão escapar.

Não fosse o carisma da dupla central e a ótima dinâmica entre os personagens, o filme seria um daqueles em que o espectador começa a checar o relógio passados apenas 40 minutos de projeção. O pavio curto de Stig, assim como a aparente carência de uma inteligência mais aguda, fazem o contraponto ideial para a malemolência de Bobby e seu distanciamento de relações sociais.

Usando uma paleta de cores “estouradas”, a fotografia deixa o espectador o tempo todo com a mesma sensação de desconforto causada pelo calor e pela aridez do deserto mexicano. Trilha sonora bacana - composta pelo responsável pela trilha do ótimo “Distrito 9”, Clinton Shorter - complementa bem tanto as cenas de ação quanto as (poucas) cenas mais calmas. Não é daquelas que se sai cantarolando do cinema, mas é boa o suficiente para não ser notada quando não é necessário.

Filme de ação quase ininterrupta, diverte sem ofender (muito) a inteligência do espectador. Basta relevar alguns exageros e non-senses da trama - comuns a esse estilo de filme - e a diversão está garantida, com direito a muita pipoca.

“Never rob a bank that’s across the street from a diner with the best doughnuts in three counties"



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