Moleskine - O início

coded by ctellier | tags: , | Posted On sábado, 17 de setembro de 2011 at 17:47

meteorologia: ventinho frio, apesar do sol
pecado da gula: pizza amanhecida
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: papo de gordo #73
video: zombieland

Como prometido neste outro post, inicio aqui meus comentários e anotações sobre "Muito além do nosso eu". Apesar de não ter o hábito de tomar notas, achei que o moleskine seria a mídia ideal para o meu objetivo caso a intenção fosse manter um registro não eletrônico. Sendo assim, a tag desses posts passa a ser "moleskine".
E agora, vamos às anotações.


Introdução « Muito além do nosso eu (Miguel Nicolelis)

O primeiro parágrafo de um livro é sempre essencial para eu definir o tom, o ritmo e, principalmente, meu interesse na leitura. E Nicolelis conseguiu prender minha atenção desde o início. Em geral, a introdução de um livro de não-ficção é um resumo enfeitado do conteúdo, complementado por alguns agradecimentos e um ou outro detalhe interessante, tentando convencer o leitor a continuar a leitura.

Neste caso, a narração de Nicolelis consegue enlaçar o leitor com algo que, inicialmente, parece não ter absolutamente nada a ver com o assunto do livro. Mas o modo como ele narra sua “descoberta” do curso de neurofisiologia é de um entusiasmo tal, que mesmo o mais cético dos leitores sente-se impelido a continuar. A paixão pelo assunto do livro é demonstrada de modo inequívoco. Percebe-se, desde o início, que Nicolelis é apaixonado pelo seu objeto de estudo e descreve brilhantemente como seu interesse foi despertado. Eu, que adoro música, fui fisgada logo na segunda frase. Não foi por ter feito (mas não completado) o curso de Medicina, que o texto me conquistou. O lirismo, tanto do texto, quanto da estória contada certamente cumprem o papel que toda introdução deve ter: apresentar o assunto, conquistar e preparar o leitor.

“Perplexo. Só assim eu poderia descrever meu estado ao detectar a primeira rajada de arpejos de violinos que, ricocheteando nas sisudas paredes de mármore, expandiu-se pelas elegantes escadas que ligam o segundo andar ao átrio de entrada do prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).”

Independente do tema do livro, eu certamente continuaria a leitura, depois de um início assim.

Mas o que me prendeu (ainda mais) foi a descrição da aula introdutório do professor César Timo-Iaria. O teor dos slides exibidos por ele reportou-me à minha infância quando, pela primeira vez, assisti Cosmos na tv, apresentado por Carl Sagan. Assim como Nicolelis, a sucessão de imagens de galáxias, quasares, estrelas despertou em mim um desejo de conhecimento até então inexistente. Sagan foi o responsável pelo meu interesse por ciência em geral, e física e biologia em específico. Entendi imediatamente como o professor conquistou o aluno, assim como Sagan me conquistou em menos de meia hora de programa.

O estranhamento de Nicolelis foi legítimo e a explicação de Timo-Iaria, impressionantemente natural.
“Como este pode ser um curso de Introdução à Fisiologia Humana?”
“Bem, essa foi a história. Tudo começou com o Big Bang. Da grande explosão para o cérebro humano em mais ou menos 15 bilhões de anos. Uma baita viagem, não acha?”
Eu, no lugar de Nicolelis, também me interessaria em continuar assistindo qualquer curso ministrado por um professor que desse uma aula introdutória como essa.

E é nesse tom, de quem está contando um causo a um velho amigo, que segue o texto de Nicolelis. Ainda na introdução, conta seus primeiros contatos com a neurofisiologia, o embate entre as visões antagônicas dos estudiosos do cérebro - especializada versus distribucionista -, o caminho por onde seus estudos o levaram e as perspectivas de sua pesquisa. E, seguindo a sugestão de Timo-Iaria, parafraseada por Nicolelis ao final da introdução, eu segui a música nas páginas seguintes. Sei que sou suspeita para falar, pois o assunto me interessa tanto que possivelmente eu prosseguiria mesmo se a início não fosse tão instigante. Mas é, e creio que para os menos conhecedores do tema foi essencial para estimular a prosseguir lendo.

Veja também:
Série Cosmos no @FilmeComLegenda
Portal Carl Sagan
A música que atraiu Nicolelis: Parsifal Overture (Wagner), parte 1 e parte 2
Os primeiros desenhos de neurônios que vi no livro de Neuroanatomia, na faculdade, eram de Ramon Y Cajal, que Nicolelis também cita em seu texto.

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Biblioteca da ilha

coded by ctellier | tags: , | Posted On at 09:33

meteorologia: sol querendo aparecer
pecado da gula: pizza amanhecida
teor alcoolico: nada até agora
audio: wergeeks #54
video: pipoca e nanquim videocast #86

Continuação do post Música na ilha, desta vez com livros.
Se você tivesse de passar o resto da vida isolado numa ilha e pudesse levar na bagagem apenas 10 livros, quais seriam?

A minha está aqui.
  • O senhor dos anéis - J.R.R.Tolkien
  • O livro das mil e uma noites (3 vol.)
  • As aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
  • O senhor das moscas - William Golding
  • Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
  • Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Márquez
  • Poemas completos de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
  • Em busca do tempo perdido - Marcel Proust
  • Crônicas de Artur - Bernard Cornwell
  • Os 500 milhões da Begum - Julio Verne

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Perigo! Perigo! Perigo!

coded by ctellier | tags: , | Posted On domingo, 11 de setembro de 2011 at 22:21

meteorologia: dia gostoso de sol
pecado da gula: sanduíche de mortadela
teor alcoolico: 2 colorado (indica e appia)
audio: add #835
video: trust

Quem curtiu a infância entre os anos 70 e 80 deve lembrar-se bem do robô da série de tv "Perdidos no Espaço". Quando algum membro da família Robinson - ou mesmo o (chato) Dr.Smith - corria algum risco, o robô B9 (descobri o nome só depois de adulta) saía "gritando" isso.
E foi o que fiquei pensando ao finalizar o primeiro treino na rua com meu Five Fingers novo. A sensação de correr com ele é boa o suficiente para termos vontade de continuar mesmo já tendo atingido a quilometragem alvo. A probabilidade de ficarmos tentados a correr mais do que o indicado na planilha é bem grande. Sem disciplina, overtraining à vista.

Meu KSO foi entregue na última terça-feira. Quarta-feira, corri a GP Runner's e, de volta em casa, fiz o primeiro test-drive. 40 minutos de TRX Suspension para alongar. Resultado acima do esperado. Melhor que descalça e muito, muito melhor que de tênis. Ponto a favor.

Quinta-feira tinha um treino de rodagem com velocidade progressiva, a ser feito na esteira. Aproveitei a oportunidade para testar o KSO nela também. Como esperado, passou no teste com louvor. Como já tinha relatado aqui no blog, tinha me acostumado a fazer descalça (só de meias) os últimos 2 ou 3 km dos treinos em esteira. E ficou bem mais confortável usando o KSO. Mais um ponto a favor.

E finalmente, hoje, o teste final: correr na rua com ele. Na planilha, tinha 14km para completar. (Deveria tê-los feito ontem, mas estava esperando a entrega do piano. E depois... oras, depois eu fiquei tocando, lógico.) Como pretendia fazê-lo todo usando o KSO, achei prudente dividi-lo em dois: 7km na rua + 7km na esteira. Além de não exagerar na distância do primeiro treino na rua, era mais cômodo pois não precisaria levar hidratação para realizar a primeira metade. E assim fiz. O resultado está aqui, publicado no Endomondo.

O primeiro quilômetro, obviamente, foi o mais lento. Afinal, estava me acostumando a sentir as imperfeições da calçada enquanto corria. Além disso, peguei um leve aclive. Depois, literalmente, foi só alegria. Encaixei meu pace, ao som de rock de qualidade (DanyCast, sempre muito bom) e fui. Honestamente, não esperava conseguir imprimir um ritmo similar a - e, por vezes, melhor que - meu ritmo de treino usando tênis. Saí de casa pensando que, se conseguisse manter 6min/km já seria muito bom. Mas contrariando a expectativa, mantive em média 5:40min/km. Mais um ponto a favor.

Diferente do teste feito na esteira, senti um certo incômodo na parte inferior da musculatura da panturrilha. Mas não chega a ser um ponto contra, uma vez que era quase esperado que acontecesse. Não podia esquecer que a mecânica do movimento da corrida na esteira e na rua são bem diferentes. Enquanto na esteira, nosso pé é “puxado” para trás; na rua, nosso pé tem de “empurrar” o chão. Junte-se a isso o fato de que eu já tinha me habituado a correr sem tênis na esteira. Enquanto que, na rua, eu estava estreando. E não foi nada de mais. Nada que descanso e um sprayzinho anti-inflamatório já não tenham dado jeito.

Desde antes de experimentá-lo numa loja, meu maior receio era que, ao utilizá-lo sem meias, o pé sofresse um pouco, tanto com bolhas quanto com pontos de abrasão, principalmente entre os dedos. Meus pés suam muito e isso era uma preocupação importante. Depois de prová-lo, esse receio diminuiu, mas não desapareceu, já que eu apenas o testei andando e “pagando o mico” de dar um trotezinho dentro da loja. Ao calçá-lo para correr na esteira, adotei a mesma estratégia dos meus treinos com tênis e meias: vaselina entre, sobre e sob os dedos. E funcionou. Hoje, também, para o treino na rua, fiz o mesmo e nada aconteceu. O que poderia ser um ponto contra, tornou-se um ponto a favor.

Não tenho a intenção de substituir totalmente o tênis pelo Five Fingers. Mas certamente farei com ele no mínimo um treino de corrida por semana. Afinal, variar o treino é um dos segredos para manter a motivação sempre em alta. Já que não moro no litoral e não tenho praia pra ir correr descalça, o Five Fingers é a opção mais próxima.

Enfim, gostei demais desse tal “calçado minimalista”. E, como disse no início do post, é realmente um perigo usá-lo. A sensação de liberdade proporcionada é tão grande, que é difícil conter a tentação de continuar correndo. Mas, de vez em quando, dar uma de Forrest Gump, e sair correndo sem objetivo de distância ou tempo, é algo que todo corredor deve fazer. Curtir a corrida sem preocupação com nada. Só aproveitando o bem-estar proporcionado. E o Five Fingers é ideal pra fazer isso. Recomendo :-)




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