A menor mulher do mundo
coded by ctellier | tags: literatura | Posted On terça-feira, 29 de dezembro de 2009 at 21:20
meteorologia: calor, chuva, chuva e calor
pecado da gula: chocotone
teor alcoolico: 2 doses de red label
audio: the doors
video: the big bang theory
Adoro esse conto de Clarice Lispector. Esse e "A legião estrangeira" são os meus prediletos.
Apesar do meu repúdio por quem rabisca e escreve nas margens de livros, foi-me impossível lê-lo sem grifar alguns trechos (em itálico, abaixo):
"(...) A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo de orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver num armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou as mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felicidade."
pecado da gula: chocotone
teor alcoolico: 2 doses de red label
audio: the doors
video: the big bang theory
Adoro esse conto de Clarice Lispector. Esse e "A legião estrangeira" são os meus prediletos.
Apesar do meu repúdio por quem rabisca e escreve nas margens de livros, foi-me impossível lê-lo sem grifar alguns trechos (em itálico, abaixo):
"(...) A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo de orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver num armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou as mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felicidade."
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