Neve

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 4 de abril de 2010 at 16:12

meteorologia: chuvinha chata
pecado da gula: ovo de chocolate com marshmallow
teor alcoolico: 1 dose de absolut, várias stella artois
audio: papo lendário #18
video: flash forward

Neve, Orhan Pamuk

Desconhecia o autor antes de ver o livro na prateleira das livrarias. Aliás, certamente, apenas apareceu nessas mesmas prateleiras após o autor ganhar o Nobel de Literatura, em 2006. Depois disso, várias obras suas começaram a ser publicadas por aqui: "Meu nome é vermelho", "A maleta de meu pai", "Istambul". Apesar de ter gostado de "Neve", ainda não li nenhum desses. Minha lista de espera de livros - adquiridos e não lidos - já está gigante sem agregá-los.
Apesar de abordar um tema espanta-leitores, não é preciso interessar-se por política para desfrutar o livro. A análise do emaranhado de facções políticas que dividem a Turquia contemporânea é bastante irônica e o enfoque dado ao golpe que ocorre na cidade enfatiza o tom burlesco desse drama político.
O narrador não é o personagem principal. Revelado apenas no final do livro, é um amigo de Ka que narra sua estória 4 anos depois de sua visita a Kars, descrevendo os acontecimentos baseado em suas anotações e cartas.
O título do livro merece um comentário, ou vários. Neve é o título de um poema que Ka (o personagem principal) irá escrever na noite do principal acontecimento da estória (um golpe político na pequena cidade de Kars). Aliás, o nome da cidade significa neve em turco. Ka estuda os flocos de neve e descobre que "a forma de cada floco de neve é determinada pela temperatura, pela direção e força do vento, pela altitude da nuvem e um sem-número de outras forças misteriosas". Conclui que "as pessoas têm muito em comum com os flocos de neve". E, durante a narrativa, a formação dos flocos reflete o estado psicológico do personagem.
Interesssante também é a forma de nomear os capítulos. O título é a frase ou fala mais marcante do capítulo. E o subtítulo é o nome real do capítulo. Apesar dos capítulos curtos, a narrativa é lenta. Em alguns momentos, no primeiro terço do livro, tive a tentação de pular algumas páginas. Mas passado esse início, o livro fica bastante interessante. Apesar de lenta, a narrativa é fluida, guia e incita o leitor a continuar lendo. Ótima opção para quem gosta de livros com pano de fundo histórico.
Vale a leitura.


"Dentro de vinte anos - em outras palavras, quando você tiver trinta e sete anos - você finalmente terá entendido que o mal do mundo - isto é, a pobreza e a ignorância dos pobres e a esperteza e dissipação dos ricos - e toda a vulgaridade do mundo, toda a violência, toda a brutalidade - isto é, todas as coisas que nos enchem de culpa e nos fazem pensar em suicídio - decorrem do fato de todo mundo pensar igual."


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