Vamos a la playa

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 27 de novembro de 2011 at 13:51

meteorologia: dia de sol
pecado da gula:
pão de queijo
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: papovirtua 5x19
video: damages

Já li em vários textos científicos (ou não) que, quanto à “disposição”, as pessoas dividem-se entre matutinas, vespertinas e noturnas. Rendem melhor em determinado horário do dia. Falando especificamente sobre prática de exercícios - o que, no meu caso, inclui corrida, bike, musculação e boxe - sou indubitavelmente matutina. Prefiro mil vezes madrugar pra ir correr, do que ter de fazê-lo ao final do dia, depois do expediente de trabalho, quase sempre cansativo. Some-se a isso o fato de que treinar descansada, depois de uma boa noite de sono é bem mais prazeroso. E mais, o dia parece render, já que a endorfina dá um gás extra para encarar tudo o que temos a fazer.

Isso posto, é bastante lógico que eu evite provas noturnas de corrida. Além do que já foi dito, acho difícil dar o meu melhor depois de um dia todo em atividades domésticas comuns: faxina, feira, mercado, etc. Mas, regras são feitas para que façamos exceções a elas. Assim, eventualmente, eu corro à noite.

Foi o que aconteceu ontem. Participei da “98 Beach Running”, evento promovido pela Rádio 98 FM e organizado pela Prefeitura de Santos (percurso aqui). É isso mesmo, desci a serra para correr. Convidada a participar por um antigo colega de trabalho que mora em Santos, achei que variar um pouco seria, no mínimo, interessante. E, no caso, a variação foi grande. Corrida fora de São Paulo, à noite, na praia. Não satisfeita, para sair totalmente do padrão, adicionei mais uma variação: resolvi estrear meu Five Fingers numa prova (um KSO, veja aqui).

O colega que fez o convite, Renato Sabino, tinha alertado (não exatamente com estas palavras): “É a primeira edição da prova, não sei como é a organização, portanto, venham munidos de paciência.” Sábio e valioso lembrete. Foi o que fiz. Estava resolvida a não deixar pequenas “turbulências na Força” me deixarem irritada. E olha que motivos não faltaram: choveu um pouco aqui na Zona Sul no início da tarde; o táxi para a rodoviária atrasou; apesar das dicas do Sabino, peguei o ônibus errado e, em consequência, desci no ponto errado da praia; tive de esperar pelo “resgate” em local desconhecido (o problema nem era o desconhecido, mas eu detesto esperar). Enfim, apesar de tudo estava orgulhosa de mim por conseguir me manter zen durante a sucessão de pequenos desastres. Porém devo admitir que tive um certo auxílio. Ter aproveitado o tempo da viagem para fazer algo que eu adoro - ler - fez toda a diferença. Passar uma hora direto mergulhada na leitura tem em mim um efeito calmante e, ao mesmo tempo, revigorante. Desci do ônibus disposta. Pronta para qualquer desafio, inclusive encarar eventos adversos.

Bom, agora sobre a prova. Os kits para “estrangeiros” seriam entregues das 19:00 às 19:30. Chegamos atrasados, por volta das 20:00. Mas devido à (falta de) organização, os kits ainda estavam sendo distribuídos. Kit em mãos, seguimos para a tenda da assessoria que o Sabino utiliza. Hora de colocar o número de peito, ajustar o mp3 player com a playlist escolhida, ligar o Garmin pra ver se o GPS estava “pegando”, passar vaselina nos pontos de atrito e, lógico, trocar minha sandália pelo Five Fingers. Apesar da sugestão do Joel Leitão (@joelleitao) - bastante tentadora até - de correr descalça, acabei optando pelo meu carinhosamente apelidado “pé de hobbit”. Explico. Correríamos boa tarde do tempo na faixa de areia dura e úmida da praia. E, em ocasiões anteriores, essa prática já tinha me presenteado com duas bolhas gigantes, uma embaixo de cada dedão do pé. Não quis arriscar e fui estrear meu KSO na areia. Muita vaselina sobre, sob e entre os dedos, pés de hobbit calçados e a deliciosa sensação de estar descalça, mesmo não estando.

Fiquei um pouco preocupada ao caminhar na areia fofa até a largada. Mas o temor foi totalmente infundado. Apesar da cobertura telada do KSO, nenhum grão de areia adentrou o calçado para me incomodar durante a corrida. Ponto positivo.

Já que a minha ideia era apenas curtir a corrida e ver como me saía numa prova com o Five Fingers, não estava muito encanada com o tempo. Mas seria hipocrisia afirmar que não importava o meu pace. Lógico que importava. Pouco, mas não o suficiente para me deixar frustrada caso não conseguisse me manter ao menos em ritmo de treino. Acostumando ainda com o terreno e ajustando aos poucos a passada, fiz os dois primeiros quilômetros a 5:40min/km (o registro do percurso está aqui). Depois disso, achei meu ritmo e fui até o final variando ligeiramente entre 5:25 e 5:30. Pace mantido, sem sacrifício, em ritmo de treino de rodagem. Mais um ponto positivo.

Quem já correu na areia sabe, é uma delícia. Quem não correu, tem de experimentar, pois a sensação é ótima. E com o KSO não foi diferente. Aliás, foi muito melhor, mais agradável do que calçando tênis. Descalça também é muito bom, mas o pé de hobbit dá aquela tranquilidade de correr sem ter de se preocupar onde pisa. Eu detesto ter de correr olhando para o chão, para evitar pedras, varetas, buracos e, infelizmente, até lixo. E, mesmo com a iluminação da praia, à noite é sempre maior a probabilidade de deixar passar despercebido algum “desnível” do solo. Corrida tranquila, foco no movimento e não no chão à frente. Mais um ponto a favor.

Terminei a corrida bem. Aliás, melhor do que o esperado, já que tinha disposição - e pernas - para correr tudo de de novo. Como já tinha comentado no post citado acima, correr com o Five Fingers faz a gente não ter vontade de parar. E confirmei isso mais uma vez.

Agora, o pós-prova. Meu pé sua demais. Muito mesmo. Então, apesar da vaselina, vez ou outra, termino uma prova com pequenas bolhas. Mas não desta vez. Apesar de não estar sentindo nada de diferente enquanto caminhava de volta à casa do Sabino, havia a possibilidade de elas terem se formado. Descalcei o pé de hobbit e não havia nada, nem areia dentro deles, nem bolhas nos pés. Mais um ponto positivo.

Day after. Cansaço natural, afinal fiz tudo diferente do que estou habituada. Mas nenhuma dor anormal. Aliás, dor alguma. Achei que talvez fosse sentir as panturrilhas, mas nem isso. Acho que minha adaptação ao Five Fingers está quase completa. Agora, só falta o asfalto. Mas isso fica para o próximo ano (acho).

Saldo da experiência: definitivamente, calçado minimalista - no caso, o Five Fingers - é uma ótima opção para corrida. Eu duvidava disso antes de comprar e fazer o test-drive. Agora tenho certeza. Mas nem tanto ao mar nem tanto à terra. Não sou do tipo que vai largar os tênis de uma vez por todas e adotar o bare footing. Assim como variamos os treinos - tiro, fartlek, intervalado, rodagem -, acredito que variar o calçado também faz parte da “brincadeira”. Posso afirmar sem sombra de dúvida que, para mim, fazer parte dos treinos de corrida com meu pé de hobbit é muito, muito bom. Recomendo ao menos experimentar um vez. É isso.

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