"Ah, eles são russos..."

coded by ctellier | tags: , | Posted On terça-feira, 21 de agosto de 2012 at 07:05

meteorologia: ar seco, muito seco
pecado da gula: pizza
teor alcoolico: 1 stella artois
audio: bananacast #18
video: bones

Dança não costuma ser um assunto abordado no blog com muita frequência. Aliás, não me recordo de ter escrito algum post sobre o assunto. Mas com tantos comentários a fazer sobre um espetáculo visto semana passada (15/08/2012), achei que mereceria desenvolver o tema com mais vagar.

Segundo a Wikipedia, Riverdance (que em português seria uma aglutinação de "dança do rio") é um espectáculo de sapateado irlandês, reconhecido pelo rápido movimento de pernas dos dançarinos e aparente imobilidade da cintura para cima. Fui apresentada à música celta, à dança irlandesa e, mais especificamente, a esse espetáculo por um colega de trabalho há cerca de 12 anos. Gostei tanto que adquiri o dvd do show e o assistia esporadicamente. E sempre pensava que se algum dia a troupe aportasse aqui, eu faria questão de ir assistir. Há alguns anos, veio ao Brasil um spin-off do espetáculo, chamado Firedance - montado por Michael Flatley, um “dissidente” do show “original”. Além de não ser “O” show, na época não tive condições financeiras de ir.

Semana passada, quase por acaso, fiquei sabendo que o Riverdance estava em São Paulo e faria shows de 4a. a domingo. Depois de quase 1 hora, tentando “casar” minha disponibilidade com a disponibilidade de lugares não muito distantes do palco do Via Funchal, comprei o ingresso. Que fique claro que, apesar de gostar muito, não sou fanática a ponto de gastar entre 160 e 220 reais para assistir, e acabei optando por um ingresso mais em conta, mas de localização (quase) privilegiada. E a escolha se revelou acertada. Tive de abrir mão do pokerzinho semanal, mas Riverdance valia a pena.

Bem, o show, que estava marcado para começar às 21:30, começou apenas às 22:00. Não sei se o atraso foi “coisa de brasileiro” ou se o horário real era 22:00 e o ingresso marcava meia hora antes justamente por essa mania desagradável de muita gente chegar atrasada. Enfim, o show começou e os 45 minutos da primeira parte se passaram como se fossem apenas cinco. E, depois do intervalo, o mesmo se sucedeu nos 50 minutos seguintes.

Enfim, eu gostei. Gostei muito mesmo. Contudo, gostei menos do que achava que gostaria. E acredito que a principal razão foi que, em linhas gerais, o show foi cerca de 70% do espetáculo que eu apreciava há tanto tempo. Cheguei a pensar que a memória do show assistido em dvd era melhor que o show em si. E, para sanar a dúvida, assisti-o novamente no último domingo. E eu não estava enganada, minha memória não tinha me pregado uma peça. E, realmente, o que foi apresentado aqui não era 100% do show. Refiro-me principalmente ao tamanho da produção.

Explico-me. O show do dvd foi produzido para ser apresentado numa grande casa de espetáculos. No caso, o Radio City Music Hall, em Nova Iorque. Algo nos moldes do nosso Teatro Municipal de São Paulo. E o Via Funchal, apesar de grande, deve ter aproximadamente 60% do tamanho do Radio City e, proporcionalmente, seu palco é menor. Sendo assim, o elenco do show era menor do que o do show do dvd. Parece bobagem, mas em alguns momentos isso é bem perceptível. Para quem não conhecia o show, possivelmente não. Mas para quem, como eu, assistiu mais de uma dezena de vezes, ver 16 dançarinos ao invés de 30, perfilados e totalmente sincronizados executando o mesmo passo, fez diferença sim. Não deixa de ser impressionante, eles são realmente muito bons. Mas ficou aquela sensaçãozinha de que faltava algo mais.

Outra coisa de que senti falta foi a presença de mais músicos, o que levou à desagradável descoberta de que estavam usando playback. No show do dvd, havia um grupo de 12 ou 13 músicos enquanto que neste havia apenas 4. Mas posso afirmar que o violinista que veio era tão bom quanto à do show do dvd. Isso dito por alguém (eu) que não curte muito som de violino é, sem dúvida, um “senhor” elogio.

Bem, a parte esses detalhes, valeu muito a pena ter ido. E eu com certeza iria novamente. Garanto que me diverti demais, tanto por matar a vontade de vê-los “ao vivo e a cores” quanto pelo deleite de acompanhar as músicas que eu conheço quase de cor. Contudo, nem todos gostaram tanto quanto eu. Durante o intervalo, várias pessoas foram embora e muitas mesas vagaram - inclusive a que estava logo atrás de mim, um pouco mais alta, para onde me “mudei” assim que a segunda parte se iniciou. Pelo que pude perceber, o espetáculo não era exatamente o que as pessoas estavam esperando. Provavelmente, a falta de informação sobre o show foi a principal causa. O que me remete ao título do post. Terminado o show, a caminho da saída, duas moças que vinham da fila do gargarejo, começaram a trocar impressões. Uma delas comentava que os dançarinos movimentam pouco a parte de cima do corpo - o que é característico do sapateado irlandês. Ao que a outra respondeu: “Ah, eles são russos, né? Russos só mexem as pernas para dançar...”. E eu fiquei me perguntando: “Como alguém que comprou o ingresso mais caro (e que supostamente sabia o que iria assistir) faz um comentário desses?” Detalhe, o número de dança eslava/russa foi cortado na versão apresentada aqui. Ou seja, nem isso havia como desculpa para a ignorância da mocinha. Infelizmente, tem horas que tenho a impressão de que cultura é um artigo de luxo. Lamentável...


Well, enjoy the show! :-)



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