Ah, o bichinho!

coded by ctellier | tags: | Posted On terça-feira, 31 de agosto de 2010 at 00:22

meteorologia: umidade do ar voltando a níveis aceitáveis
pecado da gula: crème brulée
teor alcoolico: 2 smirnoff ice
audio: nerdcast #224
video: inception

Das minhas resoluções de ano novo, completar a maratona talvez tenha sido a mais fácil de cumprir. Ainda não tenho lucro no poker, as bobagens do cotidiano ainda conseguem eventualmente me irritar e eu ainda não falo “eu te amo” tantas vezes quanto eu acho que deveria. Enfim, a primeira meta foi cumprida, e todas as pequenas metas nela embutidas também.
Mas a intenção deste post não é comentar sobre as resoluções de ano novo, e sim sobre o famigerado “bichinho” da corrida. Quando alguém resolve começar a correr, na grande maioria das vezes, não é por gosto ou por paixão pessoal. Lógico que devem existir exceções. Mas nenhuma delas frequenta meu círculo de amizades. Todos começaram por algum motivo menos nobre. Uma boa parcela dos corredores, os anteriormente sedentários principalmente, iniciou depois de uma visita ao médico que, munido de resultados de exames nada favoráveis, deu o (já esperado) veredicto de que ou emagrece ou adoece. Diante desse ultimato, a primeira atividade física que surge na mente é a caminhada ou a corrida - dependendo da circunferência abdominal do indivíduo. Além de não requerer qualquer habilidade especial, nem coordenação motora acima da média, é barata e não precisa ser praticada num local com equipamentos específicos (não necessariamente). Basta saber andar, ter um par de tenis com um minimo de amortecimento, um shorts ou bermuda e uma camiseta - e um top para a ala feminina. É essa facilidade que faz com que seja a porta de entrada para o “mundo fantástico da prática esportiva”. Dado o primeiro passo (literalmente), é tudo uma questão de perseverança, até criar-se o hábito do exercício.
Alguns, como eu, já eram praticantes de alguma outra atividade física. Eu, por exemplo, já fazia spinning e musculação quase todos os dias. Comecei a correr pra variar um pouco, afinal, aula de spinning todo dia acaba enjoando. Optei por alternar as aulas e tomei gosto definitivamente depois de uma aula fora da academia, correndo na rua. Pensei, “puxa, gostei... quero mais”.
Desse ponto em diante, há dois possíveis caminhos. Ou a pessoa desiste, por não conseguir se disciplinar, por preguiça, por não ver resultados imediatos ou por uma das mil e uma desculpas possíveis para deixar de fazer algo. Ou persiste e passa a fazer da caminhada/corrida um hábito. Desses que continuam, há duas vertentes. Numa delas, o indivíduo continua apenas por obrigação, por saber que o custo/risco de deixar de lado o exercício não compensa deixar-se dominar pela indolência. Na outra, o bichinho da corrida persegue e morde sem dó nem piedade. Eu fui mordida.
E ser mordido significa separar uma parte da renda mensal para alimentar essa atividade que passa a integrar a nossa rotina. Um tênis melhor, um que esteja de acordo com a pisada, um mais leve específico pra corridas rápidas, um com mais amortecimento para corridas longas. Meias para corrida, com reforço nas partes de maior atrito. Camisetas dry-fit. Shorts sem costura. Tops confortáveis. Um frequencímetro. Um sensor inercial ou um gps. Um player de mp3 de tamanho reduzido. Gel de carboidrato. Shakes de maltodextrina. Comes e bebes específicos para atletas (mesmo que amadores). E não são apenas os gastos. Há o tempo vasculhando a internet à procura de provas de acordo com nossa atual capacidade. E o tempo escrevendo e trocando mensagens em listas de discussão, facebook, twitter, com outros “infectados”. Lendo e dando dicas sobre como evitar bolhas, como melhorar o desempenho neste ou naquele percurso, o quê, quando e o quanto comer ou beber numa prova.
Não estou reclamando. Eu acho tudo até muito legal. E tenho certeza de que quem está de fora não consegue entender qual a graça disso tudo. Até ser mordido e passar a fazer parte da turma também.

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