Crônica de uma morte anunciada

coded by ctellier | tags: | Posted On quarta-feira, 1 de setembro de 2010 at 16:56

meteorologia: tirando a poluição, céu azul o dia todo
pecado da gula: nhoque
teor alcoolico: ainda nada
audio: jotacast #15

Crónica de una muerte anunciada, de Gabriel García Márquez

De Márquez, deveria ter lido “Cem anos de solidão” e “Amor nos tempos do cólera”. Shame on me! O único atenuante é que estão sim na minha lista de leitura, aquela que a maioria dos leitores compulsivos têm, com todos os livros que pretendemos ler até o fim da vida.
O livro conta, em formato próximo do jornalístico, o último dia de vida de Santiago Nasar, cuja morte é comunicada ao leitor logo nas primeiras linhas. Santiago é jurado de morte pelos irmãos Vicário, por ter supostamente desonrado Angela Vicário, a irmã. Sabe-se desde o início o desenlace da estória, e o personagem encaminha-se para o desfecho trágico sem qualquer defesa. Toda a aldeia tem conhecimento da vingança iminente, mas ninguém toma qualquer atitute para proteger Santiago ou impedir os algozes.
Tal qual uma reportagem, a estória é contada sob diferentes pontos de vista. O narrador, não onisciente, obtém as informações de acordo com a versão de cada uma das testemunhas. Os detalhes vão se encaixando aos poucos como peças de um quebra-cabeças, e o leitor vai descobrindo a sequência dos eventos junto com o narrador, à medida que ele colhe o relatos dos habitantes. Sabe-se pouco sobre Santiago, o que ele pensa, o que ele sabe ou deixa de perceber sobre o que o espera. E, como qualquer repórter deve saber, há versões distintas sobre os mesmos acontecimentos. Cada pessoa relata o que lembra, e a lembrança é sempre influenciada pela sua capacidade de observação, pelas suas experiências, pelo seu relacionamento com a(s) pessoa(s) envolvida(s), pelo seu estado de espírito no momento do ocorrido. A sobreposição dessas lembranças é que permite reconstruir o dia da morte de Santiago, e também conhecer um pouco da estória de cada um dos entrevistados.
Apesar de já sabermos o desfecho, pois não há suspense sobre o destino de Santiago, Márquez conduz o leitor com maestria pelos meandros da narrativa. O tempo avança e retrocede de acordo com as descobertas do narrador cronista. E, ao mesmo tempo que vai desvendando o ocorrido, preenche a narrativa com os costumes e tradições da pequena vila, num cenário típico do interior de um país qualquer da América do Sul, tornando a estória totalmente verossímil.
Achei dia desses, um gráfico, ao estilo daqueles de Lost, com o grau de relacionamento entre os personagens e suas ações. (clique nele para ampliar)


Vale a leitura. Eu indico.

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