42,195km

coded by ctellier | tags: | Posted On sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011 at 21:36

meteorologia: muito, muito calor
pecado da gula: calzone de peperone
teor alcoolico: 2 itaipavas, 2 smirnoff ice
audio: nerdcast #248
video: iris


Sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long and, in the end, it's only with yourself. (Mary Schmich)

Em 2010, completei minha primeira maratona (post aqui). E, definitivamente, é algo que nos transforma. Não só apenas passando de corredor(a) amador(a) a maratonista amador(a), mas também por nos fazer encarar a vida de modo diferente. Como disse no outro post, é um divisor de águas. Assim como o primeiro sutiã, (não sei se há algo semelhante no universo masculino), a primeira maratona a gente nunca esquece.

Vou citar novamente a frase que mais me marcou no livro de Dean Karnazes, “50 maratonas em 50 dias”:
"Completar uma maratona é mais do que apenas algo que se ganha; um maratonista é alguém em quem você se transforma."

Muda nosso modo de encarar a corrida, a atividade física, o próprio corpo. Mas essencialmente, muda a forma de encarar desafios em geral, muda a percepção sobre superar limites, nossos limites principalmente. Limites do corpo, limites da mente.

Alcançar esse objetivo, que provavelmente era algo impensável há alguns meses ou anos ao iniciar na corrida, é muito mais que recompensador, é uma libertação. Chega a ser simplista, mas a conclusão óbvia é: “Se fui capaz de atingir este objetivo, antes inalcançável, sou capaz de conseguir tudo a que me propuser”. Mesmo não sendo 100% verdade, pois nem tudo depende apenas de nós, a alteração no enfoque frente a desafios e dificuldades é perceptível e bastante encorajadora. A mudança faz com que passemos a focar apenas no que realmente interessa, ou a nos esforçar a fazer isso com mais frequência.

E a transformação não ocorre magicamente ao cruzar a linha de chegada. Ela vai ocorrendo durante o percurso. Perceber-se capaz de ir em frente, mesmo com o final da prova estando ainda bastante distante, dá uma satisfação, um bem-estar que eu tenho certeza absoluta que os não corredores têm dificuldade em compreender. Acredito que para cada corredor há um ponto decisivo na prova, aquele instante digno de nota, o momento em que se dá conta de que será capaz de tudo para terminar. O meu foi ao passar pelo km 32. Estava dentro da USP, aproveitando um pouco a sombra depois de correr por toda a avenida Politécnica em pleno sol. E a única coisa que passava pelo meu pensamento era: “Agora só faltam 10km. Eu já fiz isso. Já completei dezenas de provas com essa distância. Isso eu sei que consigo correr.” E, sentindo que ainda tinha gás pra continuar correndo, iniciei a contagem regressiva dos quilômetros. E, a cada quilômetro deixado para trás, a euforia de saber que eu iria chegar ao fim, e chegar bem, me animava ainda mais. Lógico que a euforia era também resultado do barato dado pela endorfina. Depois de mais de 3 horas correndo, minha corrente sanguïnea estava inundada de felicidade líquida.

Mas o mais importante é que a sensação persiste depois da corrida. É a essa transformação na
maneira de encarar a vida que se refere Karnazes.

Certamente alguns, mesmo transformados, dão-se por satisfeitos em ter completado essa primeira e única maratona de suas vidas. Outros, como eu, acharam a experiência boa o suficiente para ser repetida. Este ano, novamente irei encarar o desafio. Já sei que consigo terminar a prova. Agora o objetivo é conseguir completá-la em 4 horas (ou menos). Os treinos já começaram. Meus longões de sábado estão voltando a beirar os 20km. Costumam ficar mais chatos à medida que a distância aumenta. Mas pra isso, uma trilha sonora bem escolhida dá jeito. E mesmo chatos, completar a prova depois de 42195m correndo compensa qualquer coisa.

O post de hoje era pra ser sobre outro tema. Mas assistir este vídeo indicado pelo @Augusto_VamosCo e um outro assunto pessoal fizeram-me refletir sobre a necessidade de não deixar para depois o que temos vontade de fazer. A vida é curta e temos de aproveitá-la ao máximo. Fazer o que nos dá prazer e não perder tempo com pequenas coisas desagradáveis que não terão importância daqui algum tempo. Se seu desejo é terminar uma maratona, um triatlo, um ironman, ou simplesmente passar uma semana na praia sem fazer absolutamente nada, corra atrás, faça acontecer. E cada frase do texto de Mary Schmich - "Advice, like youth, probably just wasted on the young" - fará sentido (vídeo aqui e aqui).

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