Il cimitero de Praga

coded by ctellier | tags: | Posted On domingo, 15 de janeiro de 2012 at 14:38


O cemitério de Praga, de Umberto Eco

Definitivamente, o monstro da expectativa é muito, muito terrível.

Assim como atores/atrizes continuam sendo identificados, durante toda a vida, por algum papel marcante - Daniel Radcliffe sempre será Harry Potter - escritores também sofrem algo semelhante: terem seu livro mais famoso sempre tomado como base de comparação com o restante da obra.

Acredito que não seja apenas comigo que isso tenha acontecido em relação a Umberto Eco. "O nome da rosa" é um livro excepcional, principalmente para quem tem amor aos livros (como eu). E a comparação é inevitável. Todo livro de Umberto Eco que leio fico esperando algo similar a essa obra inesquecível. Fico na expectativa de que o texto desperte em mim a mesma admiração, o mesmo enlevo que senti ao ler "O nome da rosa".

Sobre "O cemitério de Praga", ao perguntarem minha opinião, a resposta é sempre Brastemp style:
É bom, eu gostei, mas... não é "O nome da rosa".
Contudo devo admitir, que de todos os demais livros de Eco que li, este foi o que mais se aproximou. Conseguiu retomar com bastante êxito o estilo chamado de suspense erudito, inaugurado por Eco justamente com "O nome da rosa".

Ao ler a sinopse, fiquei bastante animada. Uma trama envolvendo espionagem, falsificações, preconceitos, seitas, conspirações, assassinatos, em que o único personagem fictício é o protagonista, um italiano que vive em Paris. Todos os demais existiram realmente. Imediatamente, pensei em algo como um Forrest Gump do século XIX.

As idas e vindas no tempo chegam a confundir um pouco no início, mas logo nos acostumamos a seguir a linha narrativa. Terminada a leitura, agora que já conheço a trama - bastante rocambolesca, por sinal - fiquei com a sensação de que possivelmente desfrutaria mais do livro numa releitura.

Tenho certeza que teria gostado ainda mais do livro se eu conhecesse mais dos personagens e eventos históricos retratados. Certamente teria sido muito mais interessante. A erudição da trama aproxima-se bastante de "O nome da rosa". Porém o excesso dela, em vários momentos, chega a deixar o texto pouco fluido, dificultando continuar a leitura. Tive a impressão, em alguns trechos, de que o autor estava apenas se exibindo, mostrando o quanto conhecia do assunto abordado, vaidoso de toda sua cultura (nesse quesito, "O pêndulo de Foucault" é bem pior, parece quase uma tese de doutorado).

Para quem leu (e adorou) "O nome da rosa" e se decepcionou com os demais (assim como eu) é uma boa pedida para revisitar a obra de Umberto Eco.

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